Mais da metade da população brasileira (53,6 %) que está entre os 18 e 64 anos tem conhecimento, habilidade e experiência necessários para iniciar um novo negócio, segundo a pesquisa GEM/2016. Porém, quase um terço dos especialistas brasileiros atribuem o baixo nível de educação e a falta de capacitação como fatores limitantes à abertura e manutenção de novos negócios.
Recentemente, o Sebrae Minas promoveu o ConheCER – Seminário Internacional de Educação Empreendedora, em Belo Horizonte. O evento reuniu gestores, empreendedores, professores, estudantes e especialistas nacionais e internacionais ligados à educação.
Para saber mais sobre os projetos e compreender o universo empreendedor brasileiro, conversamos com a gerente de Unidade de Desenvolvimento de Produtos e Cultura Empreendedora do Sebrae Nacional, Mirela Malvestiti.
Empreender se tornou uma opção para quem está desempregado, esse é o caminho certo?
Como as pessoas que perderam o emprego necessitam garantir sua subsistência, elas acabam assumindo o risco de abrir um negócio em busca de obter uma fonte de renda. Quando o desemprego aumenta, é natural que a taxa de empreendedorismo, por necessidade, cresça e que caia o por oportunidade. Por outro lado, os principais problemas dos pequenos negócios são a falta de planejamento e o despreparo. Entender como está o mercado em que se deseja trabalhar, compreender o público que se deseja atender, além de organizar como realizará o investimento inicial, que vai levar algum tempo para se pagar, e como irá operar o negócio.
Em meio ao cenário econômico atual, empreender pode ser algo ainda mais arriscado?
Nunca existirá um momento completamente seguro para abrir um novo negócio, sempre há setores em dificuldade e outros que estão muito bem. Em qualquer tempo é possível identificar oportunidades concretas de empreender e aproveitá-las no mercado. Além de atuar com o foco nas necessidades do cliente, o empreendedor deve fazer um bom planejamento e uma boa gestão para reduzir os riscos.
Existe um perfil predeterminado de quem pode ser empreendedor?
Um bom empreendedor precisa estar sempre em busca de oportunidades, ter iniciativa, persistência e comprometimento. Ele necessita exigir qualidade e eficiência, saber correr riscos calculados, estabelecer metas, buscar informações, formar rede de contatos, ter independência, autoconfiança e capacidade de persuasão. Dificilmente uma pessoa reunirá todas estas características em perfeito equilíbrio, mas é importante estar consciente de quais são suas qualidades e pontos de melhoria. O importante é buscar capacitação e estratégias para combater as fragilidades, tanto do empreendedor quanto do negócio.
Muitos brasileiros iniciam seus negócios sem nenhuma qualificação, com isso poucos alcançam o sucesso. Essa ação pode ser considerada cultural?
Isso se deve ao despreparo de muitas pessoas que empreendem por necessidade. Quem empreende assim, entende que será algo temporário e não investe em qualificação como empreendedor. A tendência é que seja um trabalho precário, então, não haverá investimentos na empresa ou na formação do profissional como gestor, o que faz com que a chance do negócio quebrar em um curto prazo seja muito maior do que no caso daqueles que empreendem por oportunidade.
O número de empreendedores não para de crescer. Qual é o impacto disso na economia brasileira?
Temos acompanhado que o número de CNPJ criados tem aumentado a cada ano. Hoje, são mais de 11 milhões de empresas de pequeno porte no Brasil. Há 5 anos, eram 6 milhões. Temos notado que o empreendedorismo cresce ano a ano, independentemente da crise. O empreendedorismo é um dos maiores sonhos dos brasileiros e, nos momentos de desemprego, ele também se transforma em uma opção.
Qual a importância de incluir o empreendedorismo na grade educacional?
A educação empreendedora estimula os estudantes a pensarem no futuro como protagonistas de seus sonhos e projetos de vida preparando-os para enfrentar os desafios do mundo do trabalho de forma criativa, incentivando-os a acreditar e investir em ideias inovadoras e sensibilizando-os a atuarem de forma responsável com agentes de transformação social.
O Sebrae, com o Programa de Educação Empreendedora, pretende contribuir para a construção de um novo perfil de estudante, pautado em um modelo de educação que favorece metodologias criativas, linguagem adequada e compromisso com a realidade local.
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