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Cresce o número de casos de coqueluche no Brasil

Minas notificou 89 ocorrências suspeitas em 2024 / Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, Minas Gerais registrou, em 2024, 89 casos suspeitos e 15 confirmados para a coqueluche. Em 2023, foram 153 notificações de ocorrências suspeitas e 13 confirmados. A maioria dos episódios ocorrem em crianças menores de um ano. No dia 25 de julho, foi confirmada a primeira morte no país pela enfermidade, um bebê de seis meses, em Londrina, no Paraná.

No Brasil, o último pico epidêmico da doença ocorreu em 2014, quando foram confirmados 8.614 casos. De acordo com o Ministério da Saúde, de 2019 a 2023, todas as 27 unidades federativas notificaram episódios de coqueluche. Pernambuco confirmou o maior número, foram 776 ocorrências; seguido por São Paulo (300); Minas Gerais (253); Paraná (158); e Rio Grande do Sul (148). No mesmo período, foram registradas 12 mortes, sendo 11 em 2019 e uma em 2020. E em 2024, os números continuam crescendo.

Pelo menos 17 países da União Europeia registraram aumento de casos, entre janeiro e março deste ano, foram 32.037 na região em diversos grupos etários. Na China, em 2024, foram notificados 32.380 casos e 13 óbitos até fevereiro. Na Bolívia, foram 693 ocorrências confirmadas de janeiro a agosto de 2023, além de oito óbitos.

O Ministério da Saúde alerta que o aumento de casos registrado em outros países, a partir de 2023, sinaliza que situação semelhante poderá ocorrer no Brasil dentro de pouco tempo. “Uma vez que, desde 2016, a nação vem acumulando pessoas suscetíveis, em razão de quedas nas coberturas vacinais em menores de 1 ano de vida e lacunas na vigilância e diagnóstico clínico da doença”.

Coqueluche

De acordo com a infectologista pediátrica da Unimed-BH, Francelli Neves, a coqueluche, também conhecida como tosse comprida, é uma doença respiratória altamente transmissível causada pela bactéria Bordetella Pertussis. “Ela se manifesta em três fases: catarral, paroxística e a convalescença. Inicialmente, se apresenta como qualquer outra virose respiratória, com quadro de mal-estar, coriza, febre baixa e tosse seca. Em seguida, o paciente evolui com a piora da tosse, com crises intensas, que podem comprometer a respiração e provocar vômitos ou dificuldade para respirar. A doença pode durar cerca de 6 a 10 semanas”.

Francelli explica que a enfermidade é transmitida de forma direta. “Por meio de gotículas, que são eliminadas durante a tosse, espirro e a fala. Qualquer pessoa pode adquirir coqueluche, pois nem a infecção prévia ou a vacinação completa consegue dar imunidade permanente”.

Vacinação

A infectologista diz que a vacinação é a medida mais eficaz contra a doença. “O esquema vacinal de rotina para a proteção das crianças, recomendado pelo Ministério da Saúde, é com a Pentavalente, aplicada aos dois, quatro e seis meses de idade, bem como dois reforços aos 15 meses e 4 anos de idade. Em relação ao esquema da vacina dTpa em gestantes, é recomendada uma dose a cada gestação, sendo indicada a partir da 20ª semana gestacional. A coqueluche é uma doença endêmica, com epidemias surgindo ciclicamente a intervalos de três a cinco anos. A imunização é o principal meio de prevenção”, enfatiza.

O tratamento envolve o uso de antibióticos para eliminar a bactéria e reduzir a transmissibilidade da enfermidade, destaca Francelli. “Em casos graves, pode ser necessária hospitalização, especialmente para bebês e crianças. É muito importante a identificação e notificação dos casos suspeitos e dos seus contactantes. Os doentes, devidamente medicados, devem permanecer em isolamento até o final do procedimento”.

Ela ressalta ainda que a maioria das pessoas consegue se recuperar da coqueluche sem sequelas. “No entanto, nas formas mais graves podem ocorrer alguns quadros mais intensos, como surgimento de hérnias abdominais. Em crianças, as complicações são pneumonia, desidratação, insuficiência respiratória, convulsão e até levar à morte. Já em adolescentes e adultos, os casos incluem síncope, perda de peso, insônia, incontinência, fratura de costela e pneumonia”, finaliza.