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Educação financeira e comportamental é caminho para driblar inadimplência

Sabemos que o endividamento e a inadimplência estão presentes na vida dos brasileiros. Aliás, quero iniciar este artigo explicando a diferença entre ambos. Endividamento é ter uma dívida, uma conta em aberto, mas sem o pagamento em atraso. Como exemplos podemos citar uma compra parcelada no cartão de crédito, o financiamento de um carro ou imóvel. Já a inadimplência é quando o pagamento dessas dívidas ultrapassa o prazo de pagamento.

O endividamento em si não precisa ser encarado como o vilão da história. Afinal, é por meio do crédito que a maioria de nós brasileiros conseguimos adquirir um bem material de maior valor agregado, realizar viagens, dentre outros projetos.

Já a falta de planejamento financeiro, sim. Afinal, é esse descontrole que pode levar à inadimplência. Como tem sido o caso de milhares de mineiros que, em abril deste ano, tiveram o nome inscrito no cadastro de inadimplentes do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), e fizeram com que o indicador crescesse 4,41% no estado.

Isso nos mostra que os consumidores mineiros têm enfrentado dificuldades para pagar as contas e mantê-las em dia. Por isso, alertamos para a necessidade do controle dos gastos e do planejamento financeiro.

Em uma análise mais ampla, mas que reflete nossa realidade estadual e local, uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que as principais causas da inadimplência foram os imprevistos de saúde, morte, manutenção da casa, carro, redução da renda, perda do controle do orçamento, aumento dos preços e o desemprego do entrevistado ou de algum membro da família. As principais contas em atraso dos inadimplentes são cartão de crédito, empréstimo em banco ou financeira, crediário, água e/ou luz e o cheque especial.

A falta de organização financeira, impulsionada por fatores emocionais, também influencia o cenário, uma vez que entre os que ficaram inadimplentes por descontrole do orçamento, atribuem a negativação à tomada de crédito, pois dizem que queriam muito comprar algo e se esperassem sobrar dinheiro iria demorar. Temos ainda os consumidores que admitem que não fizeram boas negociações no momento da compra, aqueles que aproveitaram uma promoção sem avaliar o orçamento, outros estavam tristes e compraram para se sentirem melhor e há, até mesmo, relatos sobre baixa autoestima e encontram nas compras, uma tentativa de melhora.

Esses dados nos mostram que a inadimplência é criada não apenas por fatores como taxas de desemprego, inflação, cenários econômicos adversos, falta de planejamento financeiro. Certamente, eles são determinantes, entretanto, não caminham sozinhos. Por isso, investir em educação financeira e em como fatores comportamentais podem afetar nossa vida é fundamental para que consumidores tenham mais clareza ao realizar compras e evitem a inadimplência. No comércio, costumamos dizer que consumidor bom é aquele que sempre pode comprar, sem danos, nem prejuízos à loja e, principalmente, a si mesmo.