Um estudo feito por uma empresa de softwares empresariais impulsionada por inteligência artificial, com 7 mil trabalhadores, incluindo profissionais brasileiros, revelou que 1 em cada 3 profissionais no mundo utiliza o ChatGPT no ambiente de trabalho. Ainda segundo o levantamento, as tarefas mais utilizadas pelos trabalhadores na ferramenta foram criação de conteúdo (48%), análise de dados (45%) e análise ou tradução de texto e áudio (45%).
Os setores que os profissionais mais utilizam a inteligência artificial pelo menos uma vez ao mês foram: tecnologia da informação (89%), marketing (86%), jurídico (53%), atendimento ao cliente (64%), contabilidade (74%), vendas (74%) e recursos humanos (77%).
O advogado Rafael Fazzi lembra que não existem regras no Brasil que regulam o uso da inteligência artificial, inclusive no ambiente de trabalho. “Assim, serão aplicadas regras gerais que são válidas para toda e qualquer outra ferramenta de trabalho”.
Fazzi esclarece que um colaborador só pode ser demitido por justa causa por uso da inteligência artificial se a empresa houver uma proibição explícita do uso dentro da sua política interna. “A demissão seria motivada não apenas pelo uso em si da ferramenta, mas por descumprir norma interna da firma, como pode ocorrer com qualquer outra norma interna que seja descumprida pelo empregado”.
Na avaliação de Rafael, hoje se faz necessário que as empresas criem diretrizes para a utilização da inteligência artificial no ambiente de trabalho. “O ChatGPT acabou se tornando uma ferramenta do dia a dia, inclusive de trabalho. Embora seja uma tecnologia inovadora, ainda possui ‘falhas’ e costuma apresentar informações não precisas, erradas ou até mesmo criadas. É importante que os empregados usem com cautela, não como forma de substituição do seu trabalho, mas sim como mero auxiliar, sempre conferindo e revisando os resultados obtidos”.
O advogado lembra que o Projeto de Lei 2.338/2023, que regulamenta o uso da inteligência artificial no Brasil, está sendo debatido no Congresso Nacional e reforça que, no conteúdo do texto, não possui pontos específicos para o uso da tecnologia nas relações de trabalho. “De toda forma, o projeto entende que a ferramenta veio para ‘facilitar’ o dia a dia das empresas e das pessoas, tal como fizeram o computador, celular e outros softwares que, cada um a seu tempo, impactaram diretamente a forma como o trabalho era realizado e hoje não conseguimos imaginar um retorno aos métodos antigos de produção”.