O mundo está assustado com a tragédia das enchentes que se abateu sobre o Rio Grande do Sul. Algo impressionante, com a destruição de várias cidades, muitos mortos, milhares de desabrigados e um prejuízo incalculável.
O governo federal e o estadual decretou estado de calamidade pública em todo o território gaúcho. Governos estaduais, municipais, entidades diversas, empresas, clubes e o povo de todas as partes se mobilizam para ajudar, doando dinheiro e bens materiais. O muito que tem sido feito ainda é pouco pelo tamanho do desastre, seja por causa dos eventos climáticos ocorridos e de forma bem especial pela falta de responsabilidade dos governantes do passado e do presente. As ações preventivas foram abandonadas faz tempo.
Como não poderia deixar de ser, o futebol brasileiro também está envolvido nesse caos e pode sofrer duras consequências. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) já suspendeu os jogos dos times gaúchos no Brasileiro e Copa do Brasil. A Conmebol fez a mesma coisa. O grande problema vai ser encontrar datas para programar esses jogos no futuro. A ideia de paralisar ou não o futebol em todas as suas categorias será pauta da reunião extraordinária do Conselho Técnico da entidade no dia 27 de maio. Os presidentes ou representantes dos clubes filiados, ao lado dos dirigentes da CBF é que vão decidir o que fazer. Não será uma decisão simples e fácil. Envolve muito mais do que adiar ou suspender uma competição esportiva.
Além dos aspectos jurídicos, com vários contratos de direitos de transmissão, patrocínios, contratos dos jogadores, comissões técnicas e até acesso às competições internacionais entre outras coisas, envolve também uma situação econômica financeira complicada. Paralisando quem vai bancar os custos com as folhas de pagamentos e outras despesas. Quem vai pagar as viagens, hospedagens e alimentações já contratadas.
E o dinheiro já recebido com vendas de patrocínios nos estádios, nas camisas, dos sócios torcedores? Devolver não tem jeito. Empurrar para frente é inviável, pois o calendário não permite. Clubes grandes podem até suportar por um curto espaço de tempo a situação, mas a grande maioria não tem caixa para tamanha aventura. Paralisar os eventos esportivos por quanto tempo? Suspender definitivamente? Qual a melhor solução?
Sinceramente, a decisão do dia 27 precisa ter um conteúdo técnico bem avaliado e qualificado. Não pode ser algo para agradar um ou outro. Caso contrário, a emenda pode ficar pior do que o soneto. Com todo respeito e consideração ao povo gaúcho e a todos que vivem por lá, sofrendo barbaridade com as consequências desta tragédia terrível, penso que simplesmente parar o futebol não vai resolver o problema. A necessidade real é de verbas, produtos e materiais para minimizar o problema e ajudar na recuperação de quem perdeu tudo e na reconstrução das cidades.
O futebol em movimento pode ajudar demais. Quem sabe com a doação de parte da arrecadação dos bilhetes, leilão de camisas autografadas, campanhas de doação de produtos em cada jogo e outras realizações. A turma do marketing sabe como fazer.
Algumas iniciativas do gênero já aconteceram com grande sucesso. O treino aberto do Atlético, por exemplo, rendeu bons recursos para os irmãos do Sul. Quanto aos times do Rio Grande do Sul, acredito que com um pouco de calma é perfeitamente viável encontrar boas soluções para que possam continuar desenvolvendo seus trabalhos com a eficiência de sempre. Além de tradicionais, são guerreiros e não desistem nunca. Que Deus proteja nossos queridos irmãos do fabuloso Rio Grande do Sul.