Março é o mês escolhido para conscientização acerca da endometriose, doença ginecológica, inflamatória, crônica e evolutiva que atinge uma em cada 10 mulheres no Brasil.
O presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Frebasgo), Agnaldo Lopes, elucida que a patologia acontece quando as células do tecido do interior do útero (endométrio), expelido na menstruação, migram no sentido oposto e se instalam nas trompas, intestino, ovários e bexiga.
Ele acrescenta que, a mulher que menstrua sem fatores de proteção, como contraceptivo, gravidez e amamentação, está mais suscetível. “Estresse, má alimentação, sedentarismo e excesso de álcool também podem contribuir para o quadro”.
Segundo o especialista, o diagnóstico é baseado em sintomas clínicos com o auxílio de exames de imagem em centros especializados, como a ultrassonografia transvaginal com preparo e a ressonância magnética. “A videolaparoscopia constitui o padrão-ouro, sendo também uma via para o tratamento cirúrgico”.
Lopes afirma que a endometriose traz inúmeros indícios e os principais são dor pélvica, menstruação excessiva, dificuldades para engravidar e, principalmente, cólicas menstruais com altos níveis de dor. “Dependendo do tipo pode ocorrer ainda incômodo durante a relação sexual, além de problemas intestinais e urinários”.
Quando tinha 22 anos, a personal trainer Viviane Ucelli percebeu que suas dores menstruais foram aumentando. “Como estava formando na faculdade, em um nível alto de estresse, associei a isso a elevação de desconforto. No entanto, teve um vez que foi tão intensa que fiquei bamba e desmaiei. Fui ao pronto atendimento e a médica me aconselhou a fazer um check-up com a ginecologista. Após alguns exames, fui diagnosticada com a endometriose. Hoje, faço uso de medicamento, acompanhamento de 6 em 6 meses e tento ter uma vida saudável”.
O presidente da Frebasgo esclarece que a medicação é apenas uma das formas de tratamento. “Em alguns casos, pode-se optar por cirurgia. Em outros, por técnica de reprodução assistida. A escolha varia de acordo com os sintomas, o grau e a infertilidade associada”.
As cirurgias minimamente invasivas (videolaparoscópica ou robótica) permitem o diagnóstico, avaliação da extensão da doença e a retirada das lesões. “Em seguida, pode ser necessário um tratamento de manutenção com hormônios. É importante uma abordagem em centros especializados e uma equipe multiprofissional, incluindo ginecologista, coloproctologista, urologista, fisioterapia, nutricionista, entre outros”.
O especialista finaliza dizendo que as mulheres precisam observar os sinais do corpo. “A endometriose traz consequências e por ser confundida com cólicas menstruais normais, o diagnóstico pode levar até 10 anos, já que muitas demoram a procurar ajuda. Contudo, esse atraso afeta a vida estudantil e profissional, por isso não é incomum ver mulheres deixando de fazer suas atividades diárias e/ou passando por alto nível de estresse e ansiedade, sendo que 30% delas passam a ter problemas de infertilidade”.