Tim Maia já dizia: “eu só quero chocolate”. E, ao que tudo indica, os brasileiros parecem concordar com ele. É que entre janeiro e setembro de 2020, a taxa de penetração do alimento nos lares foi de 90,1%, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Kantar encomendada pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (ABICAB).
Quando se trata do consumo fora de casa, o produto teve um crescimento de 3,1% e chegou a 65,9% de penetração. Os dados também mostram que a média mensal de brasileiros que compram chocolate é de 55,4%.
O faturamento da categoria cresceu 9% no comparativo com o mesmo período de 2019, atingindo o valor de R$ 5,4 bilhões até setembro, estimulado pelo consumo doméstico. De acordo com dados da consultoria, a frequência de compra aumentou 4% no período, com os compradores visitando o ponto de venda cerca de 13 vezes nos últimos 12 meses.
O presidente da ABICAB, Ubiracy Fonsêca, explica que, entre os meses de janeiro a setembro de 2020, foi notada uma retração de 14,3% no que se refere a produção, o que mostra um impacto negativo da pandemia sobre o setor. “No entanto, nesse mesmo período, 90,1% dos brasileiros consumiram chocolate em casa, o que comprovou resiliência do segmento”.
Ele acrescenta que, no terceiro trimestre de 2020, foram produzidas 108,7 mil toneladas do produto. “Isso mostra um crescimento de 1,97% em relação ao mesmo período de 2019”. Fonsêca diz ainda que, quando a pandemia chegou, a produção de Páscoa estava praticamente pronta. “As empresas foram rápidas em estruturar canais de venda on-line, parcerias com marketplaces e aplicativos de entrega. Houve muitas soluções criativas, como atendimento por WhatsApp e até drive-thru. O foco foi ampliar as opções de acesso ao produto, de forma responsável, para que o consumidor pudesse escolher o canal mais seguro para a compra”. Ele atribui o aumento do consumo dentro de casa a um novo comportamento identificado durante a pandemia. “As pessoas começaram a dar preferência ao comércio de vizinhança, ou seja, pontos de venda próximos às suas casas”.
A retomada do comércio impactou no consumo fora de casa. “O chocolate é um produto de indulgência. Por conta disso, com a flexibilização do isolamento social, houve também uma retomada das vendas dos produtos em check-out de lanchonetes e restaurantes”.
Segundo o presidente, quando comparado a outros mercados, o brasileiro ainda consome pouco chocolate, mas, atualmente, o segmento apresenta potencial crescimento. “Temos uma indústria consolidada, que tem oferecido inovações e produtos de qualidade, preparada para atender este aumento de demanda”.
Apesar da associação não trabalhar com dados preditivos, Fonsêca acredita que o setor de confectionery, em geral – que abarca as três categorias representadas pela entidade, chocolates, amendoim e balas -, tem potencial de se recuperar bem com o fim do isolamento social. “É um setor com empresas sólidas, que estão sempre inovando e acompanham de perto a evolução do perfil do consumidor para oferecer produtos que atendam suas preferências e necessidades”, conclui.