A volta do presidente Jair Bolsonaro e sua comitiva dos Estados Unidos foi um susto. A bagagem estava repleta do maldito novo coronavírus. Enquanto todos dormiam tranquilamente depois de um jantar simples, mas bem servido na aeronave presidencial, um dos principais assessores do presidente, o publicitário Fábio Wajngarten ardia em febre. O médico do presidente imediatamente o diagnosticou como infectado. Wajngarten foi levado ao fundo da aeronave e recebeu remédios para baixar a febre e uma máscara, equipamento naquele momento considerado estranho para quem não era da área de saúde. No voo, 26 acabaram com o novo coronavírus e sintomas variáveis. O presidente Jair Bolsonaro só foi ter contato com o vírus tempos depois. As repercussões foram internacionais já que integrantes da comitiva estiveram no mesmo ambiente que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e alguns chegaram a cumprimentá-lo. Era o primeiro contato próximo do grupo do presidente com a nova realidade que estava fazendo o mundo parar.
Ao chegar ao Brasil, o presidente foi informado pelo então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, de que a situação era grave e ele deveria decretar isolamento total. “Vamos passar por uma tempestade, presidente. Se não houver uma quarentena cruel, nós veremos carros do Exército recolhendo corpos nas ruas”, exagerou o ministro, mas o presidente Jair Bolsonaro não engoliu a isca. Os governadores e prefeitos sim. Como todos os países que estavam enfrentando a contaminação, os brasileiros foram mergulhados numa aventura que deixou sim mais de 120 mil mortos, muito Cadastro Geral de Contribuintes (CGCs) inoperantes e trabalhadores desocupados e sem expectativas novas.
Foi aí que a reação do presidente evitou uma queda dupla, a inevitável escalada da COVID-19 e a quebradeira generalizada. Do Gabinete de Segurança Institucional foram repassados dados de que a miséria aumentaria de forma exponencial e a possibilidade de ocorrências graves como tumultos, protestos e saques seria inevitável. O primeiro grupo de crise entendeu que era preciso reagir e rápido. A equipe econômica foi convencida a abandonar de vez o rigor fiscal e partiu para o chamado “orçamento de guerra”. Os investimentos na economia somando salários emergenciais, subsídios em crédito, ajuda para trabalhadores afastados e repasse para estados na compensação de perdas na arrecadação chegam perto de R$ 800 bilhões. Um buraco sem tamanho transformado em dívida, mas suficiente para evitar a quebradeira geral e consequências incalculáveis.
No pós-guerra os aliados saíram vitoriosos, mas quebrados. Sem capital as empresas não decolavam, os trabalhadores sem emprego não consumiam e a fome rondava. Os Estados Unidos lançaram a ajuda econômica aos países da Europa Ocidental que salvou a economia, vidas e iniciou um ciclo de prosperidade. Foi o Plano Marshall que ouviremos muito falar no momento pós-pandemia. É por isso que chamamos a reação econômica por aqui de Plano Bolsonaro. Funcionou. Cidades inteiras fechadas. Empresas descapitalizadas e trabalhadores informais desesperados. O salário emergencial despejou na base da economia R$ 240 bilhões em todas as parcelas e ergueu um sistema econômico pela base. Não se trata de ufanismo, criticas devem ser feitas, mas o programa foi bom e suficiente para o momento em que vivemos. Salvou vidas e desenhou a possibilidade de uma arrancada melhor. Para sentir a diferença basta comparar com as economias dos nossos vizinhos e até entre emergentes.
Além do salário emergencial, a equipe econômica venceu o seu viés liberal para entender que o momento era diferente. Medidas complementares fecharam o programa. Crédito direto para as pequenas e médias empresas, legislação emergencial para permitir a suspensão do contrato de trabalho com estabilidade posterior para o trabalhador e recomposição para estados e municípios das perdas na arrecadação.
O Congresso colaborou e aprovou todas as medidas propostas pelo governo. A proposta original do salário emergencial era de R$ 200 o Congresso fixaria R$ 500 e o presidente Bolsonaro optou pelos R$ 600. Foi o oxigênio que manteve o paciente Brasil vivo e que acordou pronto para encarar a nova realidade. Na saúde, o velho Sistema Único de Saúde (SUS) provou a sua importância e o aprendizado dos profissionais da ponta garantiram atendimento e recuperação em níveis altos. Remédio? O presidente diz que a cloroquina ajuda, acredita quem quiser. A novidade neste processo agora é que o povo decidiu e decretou o fim da quarentena. O vírus vai ficar por muito tempo ainda entre nós, o isolamento é que está sendo descartado.
*José Maria Trindade
Jornalista, correspondente da Rede Jovem Pan e comentarista da Rede Vida de Televisão
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