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Quase 90% das reclamações em condomínios são sobre barulhos

Os psicólogos definem os humanos como seres gregários, aqueles que necessitam de socialização, por isso o isolamento social castiga tanto as pessoas, mas parece que convivência demais também atrapalha. Isso porque com a população por mais tempo em casa devido à pandemia, síndicos de condomínios foram bombardeados com o aumento em notificações, advertências e multas. Segundo a Associação das Administradoras de Condomínios (AABIC), o número de reclamações aumentou 200% de março a julho deste ano.

A principal razão da discórdia citada por condôminos são os barulhos (87%), segundo a base de dados do aplicativo LAR.app, uma ferramenta de administração. E a barulheira pode variar desde vizinhos que falam muito alto, aparelhos eletrônicos com volume acima do permitido e em horários inapropriados até reformas dentro dos apartamentos. Só a questão de sons advindos de reparos cresceu 307% em relação à média pré-pandemia. E não é por acaso, segundo a plataforma GetNinjas, a procura por serviços de reformas cresceu 59% em julho, comparado com o mesmo período do ano passado.

Um levantamento do SindicoNet, que entrevistou mais de 2 mil síndicos de todos os estados brasileiros, também reforça esse cenário: 59% dos administradores de prédios apontaram aumento das reclamações por barulho excessivo nos últimos 4 meses. Ruídos das obras e som alto das lives são os mais citados nas queixas feitas pelos moradores.

Para Leonardo Boz, co-fundador da LAR.app, a busca pela harmonia entre condôminos deve começar antes mesmo de surgir um problema. “Estreitar o relacionamento com os vizinhos é uma ótima maneira de evitar futuras dores de cabeça. Por exemplo, se o morador precisa fazer uma obra, pode comunicar aos outros com antecedência a fim de saber qual é o melhor horário para realizá-la. Do outro lado, se o condômino está trabalhando por home office ou fazendo aulas à distância, pode explicar sua situação aos demais moradores estabelecendo novos horários para a emissão de ruídos. Essa pauta pode ser levada à assembleia e discutida abertamente. Ao se sentir incomodado pelo barulho, a pessoa pode tentar abordar seu vizinho de maneira amigável e explicar sua situação. Porém, se essa ação não surtir efeito, pode comunicar a ocorrência ao síndico, que por tomará as devidas providências”, explica.

Segundo Boz, o condomínio tem suas próprias regras sobre ruídos “Os regimentos internos estipulam horários e limites de tolerância para a emissão de barulho. Dessa forma, quando um morador não cumpre o estipulado em regulamento, está sujeito à multa, por sua vez, definida em convenção. Se o condomínio ainda não possui uma regra a respeito, uma dica é se basear na Lei do Silêncio vigente no município”, diz.

A chamada Lei do Silêncio estabelece as normas sobre o controle da poluição sonora e determina os limites de intensidade de sons. De acordo com a norma, é proibido perturbar o sossego e o bem-estar público da população pela emissão de ruídos por quaisquer fontes ou atividades que ultrapassem os níveis máximos, que variam de acordo com o local, puníveis com advertência ou penalidades. “As multas sobre barulho devem ser definidas na convenção de condomínio, não podendo ultrapassar 5 vezes o valor da taxa condominial”, explica Boz.

Para ele, a dica para melhorar a convivência entre moradores é a consideração ao outro. “Por mais que essa palavra já esteja ‘batida’, a empatia é fundamental. Ninguém está feliz por estar em isolamento, mas precisamos tentar entender a situação das outras pessoas, que estão trabalhando, estudando e adaptando suas atividades para dentro do lar. Além de ter cuidado com o barulho, é preciso tomar as devidas precauções ao usar as áreas comuns e fazer o uso de máscara assim que sair de seu apartamento, tanto para sua segurança quanto dos demais. A criação de uma rede de apoio no condomínio para pessoas do grupo de risco ou de pequenos comerciantes também pode ser um grande acelerador da boa convivência”, conclui.