O período de quarentena por conta da COVID-19 mudou a vida das pessoas. Apesar das restrições, manter uma rotina de exercícios físicos mesmo que dentro de casa é essencial, principalmente para a população mais idosa. Com mais tempo livre, muitos passam o dia todo deitado ou sentado assistindo televisão. O isolamento social pode prejudicar a saúde física e mental caso não se mantenham ativos e ocupados com alguma atividade. Até mesmo aqueles que já faziam algum esporte antes precisam se reinventar e criar novos hábitos.
De acordo com o educador físico Everton Souza, a terceira idade precisa se manter ativa não apenas nesse período de isolamento. “Esse é um momento atípico que estamos vivendo e é necessário nos adaptarmos a essa nova realidade. Existem diversos exercícios que podem ser feitos em casa para manter o corpo em atividade. Só é preciso ter cuidados especiais e criar rotinas seguindo às condições e limites de cada idoso. Um dos maiores desafios é fazer com que eles tenham motivação para começar. Os familiares devem estimular a prática de atividades e, inclusive, até fazer junto para dar força”, diz.
Ele salienta que todo pequeno movimento conta, o que não pode é passar longos períodos na cama ou no sofá. “Isso pode ocasionar dores na coluna e na lombar. Pode ficar deitado, desde que levante a cada meia hora e faça algum alongamento como uma caminhada pela casa. Além disso, a inatividade pode contribuir para quedas, aumento da obesidade e desenvolvimento de doenças cardíacas. O ideal é estipular um tempo todos os dias para se exercitar por pelo menos 30 minutos”.
Everton reforça que os idosos são apontados como o grupo de risco para o coronavírus. “Nesse aspecto, as atividades físicas podem auxiliar no aumento da imunidade e ajudar a combater o estresse e a ansiedade. A gente sabe que a saúde mental fica prejudicada e muitos sofrem desse mal por conta de não poderem sair de suas casas e fazer o que estavam acostumados”, esclarece.
Entre outros benefícios da prática regular de uma atividade está a melhora na qualidade de vida. “Ela previne a osteoporose, fortalece a musculatura, ajuda a ter mais resistência e equilíbrio, favorece a coordenação motora e contribui para uma boa saúde cardiovascular e respiratória. Além disso, atividades domésticas como varrer a casa, arrumar a cama, subir escadas, entre outras, ficam mais fáceis ao inserir exercícios físicos na rotina”.
Para o educador físico, os idosos podem praticar treinos de baixa e média intensidade. “São os mais adequados, pois não exigem grande esforço e não tem risco de lesão. Dentro de casa podem fazer alongamentos, caminhadas leves, dançar, subir e descer uma escada, sentar e levantar de uma cadeira, além de atividades que usam o peso do próprio corpo. Isso é o suficiente para manter a saúde em dia em tempos de pandemia. Outro detalhe importante é não esquecer de se hidratar e preparar o ambiente para os exercícios, tomando cuidado com tapetes, objetos no chão e pisos escorregadios”, conclui.
Vovô em movimento
O aposentado Jurandi Mendes, 74 anos, era adepto das caminhadas matinais e atividades ao ar livre. Mesmo sem poder sair de casa, não fica parado e busca ocupar seu tempo. “Criei um circuito dentro de casa que tem até obstáculos. Começo pela sala, passo pelos quartos e subo pela escada até o terraço. Coloquei algumas cadeiras para dificultar e tenho que desviar delas. Repito esse caminho várias vezes ao dia e faço esse exercício pelo menos três vezes na semana”, comenta.
Ele explica que antes de iniciar o treino, faz um alongamento e exercícios de respiração. “É bom me manter ativo nesses dias de isolamento. Também procuro estar sempre hidratado e ter uma alimentação saudável. Às vezes, minhas netas fazem a atividade junto comigo. Além disso, tenho meus afazeres domésticos como varrer a casa e arrumar meu quarto”.