As autoridades brasileiras continuam estudando alternativas para atenuar as demandas atinentes ao transporte coletivo nas grandes cidades do país. O desafio ganhou propulsão após a pandemia de COVID-19, quando se agravou o problema por conta da falta de estrutura das empresas concessionárias de ônibus. As firmas fazem de conta que são sensíveis às demandas populares, enquanto o poder público sinaliza para um fim positivo do episódio, mas na realidade tudo pode ser avaliado como uma mera jogada de cena.
Os dirigentes dos sindicatos patronais exprimem um discurso pré-fabricado, quando alegam existir uma espécie de desidratação do processo de atendimento em geral, visto que as empresas de ônibus estão sucateadas e com falta de passageiros que efetivamente pagam. Neste debate, constata-se o enfraquecimento do sistema, por conta da concorrência advinda do volume de carros por aplicativos, mototaxistas, transporte clandestino, entre outros itens que, segundo avaliação de lideranças, retiram dinheiro destinado ao financiamento do setor formalmente credenciado.
Estudiosos e analistas do assunto propõem um debate mais amplo, inclusive, se possível, com a presença dos parlamentares federais. O objetivo é conceber uma solução definitiva para a demanda. Na planilha de sugestões está a ideia de aumentar os investimentos públicos para garantir esse modal de transporte coletivo. Resta saber de onde retirar dinheiro para financiar o sistema.
Em Belo Horizonte, assim como nas demais metrópoles, as estatísticas indicam que uma média de 30% dos usuários já circula sem pagar na bilheteria. São estudantes, pessoas maiores de 60 anos, muitos profissionais procedentes do sistema de segurança e do judiciário, além dos moradores das proximidades das comunidades. Também é comum observar indivíduos, sem o devido benefício da lei, entrarem e saírem pela porta da frente dos veículos. Uma das alternativas pode ser o aumento das linhas de metrô. Aí vem a questão: a iniciativa privada teria capacidade de atendimento?
Por todos os títulos, a questão requer atenção de empresários, líderes sindicais, representantes dos trabalhadores e especialmente dos políticos. Isoladamente, nenhuma cidade de grande porte e com uma massa trabalhadora preponderante terá condições de encontrar uma resolução afirmativa. O conjunto da sociedade é desafiado a discutir e implementar a decisão acertada para beneficiar as próximas gerações. Pelo visto, o atual modelo de transporte coletivo já está exaurido.