Terminou o couvert do futebol brasileiro, conhecido como campeonatos regionais. Partimos agora para encarar o cardápio principal e a sobremesa. Os pratos são variados. Temos o Brasileirão em suas versões A, B, C e D, Copa do Brasil e os torneios internacionais da Conmebol. Uma temporada forte, apertada e muito interessante. O futebol mineiro tem vários representantes nos eventos. Atlético, Cruzeiro, América, Athletic, Tombense, Pouso Alegre, Itabirito e Uberlândia. Todos preparados para entrar na roda e tentar fazer bonito. Quem sabe levantar pelo menos um troféu. O que não pode é chegar ao fim da festa segurando só o palito. Vamos ver e torcer.
Enquanto isso, fora dos gramados, os executivos se movimentam de forma frenética. A pauta é extensa. Começa com a eleição na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O atual presidente Ednaldo Rodrigues é candidato único. Sua reeleição é para mais quatro anos de mandato. Contestado por muitos, mas apoiado pela maioria absoluta dos dirigentes das federações, clubes e demais eleitores. Eleição a parte e consumada, a CBF arregaça as mangas e parte para incrementar várias iniciativas. O objetivo é melhorar questões técnicas e comerciais em favor dos seus filiados.
O chute inicial já foi dado. Um conselho nacional de clubes foi instalado. Logo no primeiro encontro temas importantes foram discutidos, a saber: análise com profundidade, baseados em estudos técnicos, sobre a questão dos gramados. Um problema que precisa ser resolvido com extrema urgência. Os gramados naturais estão cada vez piores e os sintéticos são alvos de muitas reclamações.
Estudo para possível redução no número de jogadores estrangeiros em cada clube. Atualmente, é permitido 9 atletas por time. Uma invasão sem a menor necessidade. A maioria dos importados não tem mais qualificação do que os brasileiros, em especial os formados nas bases. Nosso celeiro é fértil. Temos talentos em profusão espalhados por aí.
Debater critérios técnicos e econômicos com o objetivo de diminuir o número de times rebaixados em cada série do Campeonato Brasileiro. É um tema polêmico e envolve mais do que resultados dentro de campo. Interesses políticos em cada região se misturam com a parte técnica de cada competição. Não vai ser fácil resolver. Muitos outros assuntos foram levantados, porém, foi apenas o primeiro encontro. Uma tomada de conhecimento do pensamento dos participantes. Muita água ainda vai jorrar dessa bica. Esse novo conselho terá uma extensa agenda de reuniões.
Dezenas de especialistas serão consultados, muitas pesquisas serão feitas. Chegar a um denominador comum ou quase comum não será nada fácil. Habilidade e coragem serão armas fundamentais. Futebol vive dentro de uma caixa de marimbondos bravos. A vaidade é absurda e quem bobear toma logo uma ferroada. Além do mais, mobiliza bilhões de reais. E mexer nesta montanha de dinheiro é um perigo. Nosso futebol sofre de anemia profunda. Precisa de tratamento profissional e remédios fortes para voltar a ser poderoso dentro de campo e muito mais forte fora dele. Na verdade, é uma mina de ouro mal explorada.
Aproveitando o embalo, a CBF criou dois comitês para tratar do tema arbitragem. Um setor que está em baixa e quase desmoralizado. O comitê consultivo é formado por sete ex-árbitros nacionais. O comitê de consultores é formado por três árbitros. Um argentino (Néstor Pitana), um italiano (Nicola Rizzoli) e um brasileiro (Sandro Meira Ricci). Penso que faltou um ou dois especialistas em regras de futebol fora do quadro de ex-árbitros. Profissionais com grande saber para fazer o contra ponto. Do jeito que está, fica parecendo muito cooperativista. O que não é nada bom.
A expectativa é que os tais comitês consigam melhor qualificar a arbitragem. O nível está muito abaixo do ideal. Necessário também afinar a sintonia do tal VAR que veio para ajudar e mais atrapalha. É uma vergonha o tempo e a indecisão que a moderna ferramenta leva para resolver um simples lance. Uma falta de respeito com o público.
Outras duas resoluções serão colocadas em prática. Punição mais severa para o goleiro que faz cera e a instalação de vários dispositivos nas laterais do gramado para colocação de bolas, evitando a participação dos gandulas nestas reposições. Duas boas ideias.
Torcer para que essas e outras boas mudanças sejam efetivadas o mais rápido possível para o bem do nosso futebol e felicidade geral dos torcedores.