“Quem desce do morro, não morre no asfalto, lá vem o Brasil descendo a ladeira, na bola, no samba, na sola, no salto, lá vem o Brasil descendo a ladeira”. Esta música de Moraes Moreira, lançada em 1979, é uma exaltação ao povo brasileiro e nossas conquistas, tempos do orgulho nacional, muito bem divulgado pelos ditadores. Copa do Mundo, João do Pulo, Fórmula 1, entre outros. No entanto, passou a ser uma profecia para os tempos atuais. Nossos valores políticos, economia, honestidade, honra, fé, família, altruísmo e nossas melhores práticas vêm descendo a ladeira de forma crescente e lamentável. Olhando o cenário nacional, e mundial, o que vemos é uma grande perda dos nossos melhores hábitos em favor da desumanidade, nenhuma solidariedade, especialmente aos mais carentes, um desprezo conveniente às causas humanitárias.
Falar dos moradores de rua, crianças desamparadas, juventude entregue às drogas, dos fugitivos das escolas, crimes violentos e um sem fim de dores e descasos é reviver as páginas policiais cotidianas, os programas de jornalismo da TV e rádio, que ocupam seus preciosos espaços a mostrar a face cruel e atual de nossa sociedade. Tal qual nossas prisões, passaram a ser escolas teóricas de como praticar crimes. Na verdade, os tempos estão ficando piores a cada dia, um mundo de arrogantes, agressivos, mal educados, egoístas e despreparados para convivência social/comunitária. Existem os bons? Claro, são a maioria silenciosa que luta e trabalha na busca de melhorar a vida, são exemplos de família, humildes e sem voz. Há um domínio danoso dos veículos de massa e redes sociais a valorizar o lado escuro e rentável dos rendidos e subjugados.
Mas, onde está a origem deste costume que nos ofende enquanto humanos, nos diminui como Cristãos, nos desonra enquanto caridosos, piedosos, solidários e altruístas?
O exemplo vem de cima, dizia meus avós, meus pais, todos os sábios e os bons homens. Olhemos, pois, os de cima. Os donos do poder político, econômico, social, os novos profetas e influencers que dominam a comunicação com seus exemplos. Falar dos políticos é mexer em vespeiro que nada vai esclarecer nem consolar. Os ingleses têm um ditado que compara a política com a salsicha. Ambas são feitas da mesma maneira, ou seja, é melhor você não saber, porque senão você nunca vai comer salsichas. Dos donos do poder econômico também não é bom falar muito, atrás de cada sucesso deles existem ações inescrupulosas, ou seria bom discutirmos a taxa de juros/agiotas que praticam os bancos brasileiros, mesmo dentro da desordenada economia do país? Ou falar dos financiamentos dos bens de consumo, onde o cliente compra um produto e paga dois, nas prestações. Quanto à honra, este velho e em desuso valor, substituído pela velhacaria e esperteza, fica bem nas histórias do passado, quando existiam cavalheiros e damas, todos preocupados em serem melhores e justos. A fé, a que já moveu montanhas, está sendo esquecida e muito pouco praticada. “Pratique os atos da fé e ela acontecerá”, dizia Santo Agostinho. Bons tempos, quando os ouvidos humanos ouviam. Da família, façamos cada um nossas reflexões, o quanto a temos cultivado, respeitado, amado e preservado.