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Parcela menor de consumidores receberá o 13º salário este ano

Foto: Reprodução/Internet

A pesquisa “Destino do 13º salário” do Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis (Ipead), mostrou que 46,08% dos consumidores de Belo Horizonte receberão o direito trabalhista em 2024, sendo a menor parcela desde 2018. Em relação a 2023, houve queda de 6,95%.

O economista Diogo Santos diz que a expressiva melhora nos níveis de emprego no Brasil gerou um crescimento dos postos de trabalho formais no setor privado. “Mas também de outras formas de vínculo que não têm acesso ao 13º salário, como trabalhadores sem carteira assinada, conta própria e pequenos empregadores. Isso aumenta a proporção de pessoas que não têm acesso ao benefício extra”.

Ele explica que a contratação com carteira assinada cresceu, mas também avançou os empregos que não têm acesso ao direito. “Isso significa que a melhora no mercado de trabalho não ocorre de modo semelhante para todos trabalhadores e famílias. Os funcionários com direitos garantidos possuem uma previsibilidade maior de sua renda e podem planejar seus gastos de modo mais seguro. Aqueles que estão postos de trabalho vulneráveis, durante uma crise econômica, precisam ser mais cuidadosos nos gastos”.

Quanto à destinação/utilização do 13º salário, a primeira e segunda posições são ocupadas, respectivamente, pelo “pagamento de contas atrasadas e quitação de dívidas” (41%) e pela “poupança para outros fins” (17%). Essas duas destinações da renda extra também ocupavam estas posições nos anos anteriores. Entretanto, este ano houve uma alta considerável da parcela de consumidores que citou o primeiro item como destinação principal, 41% contra 21,15% em 2023.

Neste ano, somadas, essas utilizações representam 58% das respostas em 2024. Isso significa que a destinação do 13º salário está mais concentrada no pagamento de contas atrasadas e dívidas, além da formação de poupança. Destaca-se o aumento da menção à utilização da quantia para pagamento de impostos do próximo ano (8%), que em 2022 e 2023 foi citada por menos de 2% dos entrevistados. Registra- -se também que a opção “viajar” teve sua menção diminuída de 16,35% para 7%, entre os dois anos.

Santos afirma que dois fatores podem estar gerando esse aumento no uso do décimo terceiro salário para quitar dívidas em 2024. “O histórico recente de alto endividamento e alta inadimplência que muitas famílias passaram desde a pandemia. Por outro lado, o crescimento econômico e a queda do desemprego favorecem o maior consumo de bens de maior valor e também a realização de financiamentos”.

A situação econômica do país em 2024 influencia na forma como os trabalhadores estão planejando usar o 13º salário. “A melhora do crescimento econômico e o aumento dos níveis de emprego geram mais segurança nas famílias. Com novas dívidas, a população pode optar por usar o valor para equilibrar as contas e facilitar a administração desses débitos no período seguinte”, destaca.

A recepcionista Carla Ferreira é uma dos muitos trabalhadores que pretende usar o 13º salário para quitar dívidas. “Tenho que saldar uma parte do cartão de crédito. As faturas estão com juros altíssimos, porque não consegui pagá-las no prazo, o que só aumentava a pendência a cada mês. Colocarei todo o valor do benefício no pagamento dessa conta, tentando diminuir o impacto dos juros”.