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Longa estiagem contribui para o aumento no preço da carne bovina

Redução no valor só deve acontecer no início de 2025 – Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

De acordo com o último Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as carnes apresentaram um aumento no preço de 2,97% em setembro. Segundo o IBGE, essa é a maior elevação desde dezembro de 2020, quando houve um acréscimo de 3,58%. Conforme o IPCA, o contrafilé, com alta de 3,79%, foi o corte que registrou o maior aumento, seguido pela alcatra (3,02%) e pelo filé-mignon (2,47%).

O economista e especialista em gestão de supermercados, Leandro Rosadas, explica que fatores climáticos contribuíram para o avanço dos preços da carne. “Estamos passando por uma das maiores secas do país, o que reduz a oferta de pastagens e aumenta o custo de produção”.

“Vale ressaltar que também enfrentamos um período de alta demanda por carne bovina, tanto no mercado interno quanto no externo, o que eleva o valor do boi gordo. Em janeiro, o preço era de R$ 249,65; em agosto, caiu para uma média de R$ 238,33. Mas, em setembro, alcançou R$ 268, representando um aumento de 12% em apenas um mês”, acrescenta.

Rosadas destaca que o período de entressafra já possui pastagens menores, mas a situação foi intensificada pelas queimadas ocorridas no país. “Isso afetou a alimentação do gado, feita com ração que inclui bagaço de cana-de-açúcar, milho e laranja, alimentos cuja colheita foi reduzida pela seca, resultando em um custo maior para manter os animais. Por conta desses fatores, muitos produtores optaram por não confinar o gado durante o período de entressafra, devido aos baixos preços de abate”.

Sobre uma redução no preço das carnes, a previsão do economista é que isso comece a ser percebido apenas no início de 2025. “Esse custo geralmente sobe nos últimos meses do ano, principalmente por conta da demanda do consumidor, e neste ano, não será diferente. No entanto, o aumento foi mais acentuado devido aos impactos das queimadas, que agravaram um cenário já esperado”.

Belo Horizonte

Ainda segundo o IPCA, em Belo Horizonte e região metropolitana, a proteína registrou um aumento de 3,85% em setembro. Acém (5%) e contrafilé (4,87%) foram os cortes com maiores elevações.

“Esses aumentos, especialmente na carne bovina, já vinham sendo percebidos nos últimos dias. Por exemplo, o acém, que em janeiro custava em média R$ 29,99 o quilo, atualmente está R$ 30,58. Só no último mês, subiu 3,4%. Comparando com janeiro, está quase 2% mais caro. Assim, o consumidor vai perdendo o alívio que teve no início do ano. Praticamente todos os cortes registraram alta, alguns em torno de 3% e outros acima de 5%”, revela o coordenador dos sites Mercado Mineiro e comOferta, Feliciano Abreu.

Os aumentos registrados nos preços das carnes são uma sinalização ruim, na avaliação de Abreu. “Estamos no início do último trimestre do ano, que é um período de comemorações, com mais gastos em churrascos e ceias, o que aumenta ainda mais a demanda”.

“Para o dono de açougue, isso também não é muito positivo, porque, apesar de o consumidor continuar comprando, chega um ponto em que ele não consegue mais adquirir determinado corte e acaba optando por outro. Aquele que tem filé-mignon estocado, por exemplo, enfrenta mais dificuldade para vender quando o preço está alto. É importante lembrar que os açougues têm outros custos que são repassados ao consumidor final”, complementa.

Para economizar com a carne e outros produtos, Abreu recomenda pesquisar e comparar os preços em diferentes estabelecimentos e regiões. “Você pode verificar os valores em outra área e negociar onde mora. Fazendo isso, é possível economizar sem precisar mudar os produtos consumidos”, conclui.