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Política sem ódio

Terminado o pleito eleitoral de 2024, algumas lições surgem no horizonte e merecem registro. Por exemplo, o menor impacto das redes sociais quanto ao convencimento dos eleitores, que também tiveram outros ingredientes, como o horário eleitoral gratuito no rádio e na TV. Vale dizer que usar apenas as redes sociais para turbinar a campanha nem sempre é positivo, como é o caso do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD). Pleiteando a reeleição, ele usou a web durante os dois anos de administração para se comunicar com a população, contudo, permaneceu desconhecido até o dia 30 de agosto, quando iniciou a divulgação de mensagens e propostas nos horários determinados pela Justiça Eleitoral.

Aliás, essa peleja do dia 6 de outubro serviu para minimizar a importância de alguns mitos. Um deles é que onde Lula (PT) e Bolsonaro (PL) colocam as mãos fica tudo resolvido politicamente. Mas isso não passa de mera fantasia ou uma retórica. Em Belo Horizonte, o presidente Lula gravou mensagens defendendo a candidatura do petista Rogério Correia, mas o seu preferido amargou um dos últimos lugares na lista dos votados à Prefeitura de BH. Nos bastidores do pleito na capital mineira, informações indicam que o apoio do deputado federal Nikolas Ferreira (PL) a Bruno Engler (PL) amealhou mais efeito positivo do que com a presença do ex-presidente Bolsonaro.

Já no cenário nacional, a crônica política brasileira registra o exponencial crescimento do PSD, com eleição de centenas de prefeitos pelo país afora. E essa realidade pode representar uma decantação da propalada luta ideológica entre esquerda e direita nas pelejas majoritárias nos últimos anos. Neste sentido, o aumento da presença de prefeitos e vereadores de outros partidos, com viés mais ligados ao centro, pode significar um resultado diferente nas eleições de 2026. Essas bases serão usadas para a sustentação das disputas maiores: deputados estaduais, federais, senadores e outros postos significativos.

Apesar de nomes aguçados, como o estilo de Pablo Marçal, os brasileiros ainda preferem os postulantes que tenham luz própria, sem conjecturas emanadas pela internet e com propostas de interesse coletivo. Esse radicalismo exacerbado entre esquerda e direita não faz bem a ninguém. Como diz o filósofo Luiz Felipe Pondé, “eleição é uma guerra sim, o escaninho para as pessoas escolherem os seus representantes de maneira democrática e com altivez”. Que se faça política, mas sem ódio.