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67 milhões de consumidores no Brasil estão inadimplentes

A média da dívida é de R$ 4.362,49 – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Quatro em cada dez brasileiros adultos (41,06%) estão negativados, número equivalente a 67,73 milhões de consumidores, segundo revela o Indicador de inadimplência realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Em comparação com agosto de 2023, o percentual teve queda de -1,17%, já entre os meses, o declínio foi de -0,42%.

A queda do indicador anual se concentrou na diminuição de inclusões de devedores com tempo de inadimplência até 90 dias (-21,09%). Já o número de pessoas em débito com participação mais expressiva está na faixa etária de 30 a 39 anos (23,70%). De acordo com a estimativa, são 16,73 milhões de pessoas registradas em cadastro nesta faixa, ou seja, metade (49,20%) dos brasileiros desse grupo estão negativados. A participação dos endividados por sexo segue bem distribuída, sendo 51,20% mulheres e 48,80% homens.

Cada consumidor negativado deve, em média, R$ 4.362,49 na soma de todos os débitos. Além disso, cada inadimplente deve, em média, para 2,10 empresas credoras, considerando todas essas dívidas. Os dados ainda mostram que quase três em cada dez consumidores (31,13%) tinham déficits de valor de até R$ 500, percentual que chega a 45,12% quando se fala de dívidas de até R$ 1 mil.

O economista Ricardo Paixão explica que o declínio no índice é pequeno, porém, evitou uma trajetória de crescimento. “Alguns fatores têm contribuído para isso, como o ligeiro aquecimento na economia brasileira, temos o setor automobilístico aumentando a oferta e isso é um bom sinalizador; e o desemprego tem diminuído, o que impacta diretamente na renda do trabalhador”.

Ele explica ainda que a tendência é ter uma rápida melhora até o fim do ano. “Com o pagamento de 13º terceiro salário, que é uma renda extra e que pode ajudar alguns trabalhadores a quitarem suas dívidas. Além disso, tem o aumento da oferta de vagas de emprego, conhecido como os trabalhos temporários de fim de ano. Porém, não é uma melhoria que terá grandes impactos na economia, mas será o necessário”.

Paixão também ressalta que esse índice de inadimplência, provavelmente, não vai afetar as vendas do fim de ano. “É uma tendência natural que o consumo aumente nesse período, mesmo com alto grau de endividamento. Como estamos em um momento de aquecimento da economia, acredito que devemos superar as expectativas do ano passado, referente às vendas”.

Dívidas em atraso por setor

Em termos de participação, o setor credor que concentra a maior parte das dívidas é o de bancos, com 64,69% do total. Na sequência, aparece comércio (10,78%), o segmento de água e luz com 10,21% e outros com 8,06% do total de dívidas.

Em relação à região, a maior queda de débitos veio do Sul (-5,23%), seguida pelo Sudeste (-1,84%) e Norte (-0,51%). Por outro lado, o Centro-Oeste (3,50%) e o Nordeste (0,36%) apresentaram alta no número de dívidas na comparação anual.

“Nos últimos meses, o acesso ao crédito disponibilizado aos consumidores cresceu no país. O desafio agora está na alta concentração de dívidas de longo prazo, que podem levar à inadimplência e à limitação de consumo. No caso de contas negativadas, é importante lembrar que, apesar da restrição sair depois que a dívida completa 5 anos, ela não deixa de existir e por isso, a melhor alternativa é mesmo negociar”, esclarece o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior.

Belo Horizonte

Na capital mineira, segundo levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), o cadastro de inadimplentes apresentou recuo de 1,81%, em comparação ao mesmo período de 2023. Em relação ao ano, é a terceira redução consecutiva sendo -0,85% em junho e -2,48%, em julho.

Ainda de acordo com o estudo, o valor médio das contas com pagamento em atraso foi de R$ 5.008,44. Como a média do número de contratos inadimplentes é dois por CPF, isso faz com que o montante médio devido por pessoa seja de R$ 10.016,88.

“Este valor é considerável e nos mostra que a maioria dos inadimplentes, por falta de planejamento financeiro, retorna ao cadastro de negativados por não saber usar de forma correta o crédito recuperado”, avalia o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva.