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Estudo revela que 68% dos brasileiros fazem apostas

As loterias são as apostas mais populares/ Foto: Tânia Rêgo-Agência Brasil

 

Segundo um levantamento realizado por uma empresa especializada em pesquisa e insights de mercado e consumo, 68% dos brasileiros participam de algum jogo de azar. Em relação aos limites financeiros mensais para as apostas em geral, 50% dos que apostam estabelecem um limite entre R$ 50 e R$ 100, enquanto 36% admitem não ter um limite definido. A frequência de apostas varia, com 42% jogando ocasionalmente, 17% apostando uma ou duas vezes por semana, e 3% relatando que jogam diariamente.

A responsável pela pesquisa, Lígia Mello, destaca que é possível perceber como as apostas permeiam a vida dos brasileiros. “Seja por diversão, ganho financeiro ou até mesmo pela influência de amigos e familiares, esse estudo nos ajuda a entender o impacto cultural e econômico que os jogos de aposta têm no país”.

As loterias, com 47%, são a escolha mais popular dos brasileiros, seguidas pelas rifas (25%), apostas esportivas conhecidas como “bets” (11%), bingo (10%) e o cassino on-line, com destaque para o jogo “Tigrinho” (8%). De acordo com Lígia, a loteria é uma tradição profundamente enraizada na cultura brasileira. “Muitas pessoas veem nas loterias uma oportunidade não apenas de ganhar dinheiro, mas de sonhar com uma mudança de vida. Nelas, o brasileiro almeja grandes prêmios”.

Entre os apostadores, 53% afirmaram que já gastaram mais do que ganharam em todas as modalidades em que participaram. A pesquisa também revelou que apenas 2% dos apostadores se consideram viciados, mas 16% já enfrentaram problemas financeiros devido às apostas, com alguns recorrendo a empréstimos de amigos, familiares, bancos e até mesmo agiotas para cobrir as perdas.

As apostas esportivas têm ganhado espaço no Brasil, com 11% dos apostadores dedicando- -se a essa modalidade. Entre os principais fatores que influenciam a escolha da casa de apostas estão a recomendação de amigos e familiares (32%), a reputação da casa (31%) e o fato de a marca ser patrocinadora de seu time de futebol (31%). A pesquisa também indica que 71% dos apostadores se sentem mais inclinados a apostar quando o time pelo qual torcem é patrocinado por uma marca de apostas. Na série A do Campeonato Brasileiro, das 20 equipes participantes, apenas o Cuiabá não é patrocinado por uma “bet”.

Lígia acredita que as apostas realizadas nesses sites refletem o quanto o esporte e o entretenimento estão ligados aos desejos pessoais dos brasileiros. “O patrocínio esportivo influencia diretamente o comportamento dos apostadores, mostrando que a confiança e o engajamento emocional com um time têm um papel crucial nas decisões de aposta”.

 

Jogo do “Tigrinho”

A pesquisa ainda aponta que, dentre os jogos de cassino on-line, o jogo do “Tigrinho” é o preferido por 69% dos jogadores desse segmento. Esses jogadores também são os que mais gastam e passam mais tempo jogando. A maioria (50%) gasta entre R$ 10 e R$ 50 por rodada, e 34% investem entre R$ 200 e R$ 500 por mês nessas plataformas.

Além disso, 78% dos jogadores do “Tigrinho” não têm clareza sobre o total que já gastaram nesse tipo de jogo, o que levanta preocupações sobre o controle financeiro e o potencial de vício. O perfil predominante desses jogadores é recreativo (41%), seguido por aqueles que jogam com frequência regular (31%) e os que se consideram estratégicos (21%).

“É curioso como o ‘Tigrinho’ se tornou um fenômeno entre os apostadores de cassinos on-line. O jogo oferece uma combinação de imediatismo e simplicidade, o que atrai jogadores de diferentes perfis. No entanto, a falta de entendimento do modelo e a percepção de possíveis ganhos têm colocado os brasileiros em dívidas, pois perdem o controle nesse tipo de jogo”, conclui Lígia.

 

Não-apostadores

Entre os 32% dos brasileiros que não participam de jogos de apostas, os principais motivos são a falta de confiança na honestidade dos sistemas de apostas (44%), a falta de dinheiro disponível (30%) e a ausência de exemplos de ganhadores em seu círculo social (25%). Dentre eles, 88% acreditam que esses jogos podem viciar, e 69% consideram os cassinos on-line como a modalidade mais perigosa nesse aspecto. Além disso, 65% dos não-apostadores conhecem alguém que já se endividou por causa das apostas, sendo que 27% desses problemas financeiros permanecem sem solução.