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“Gatos” na rede elétrica podem deixar a conta de luz mais cara aos consumidores

Foto: Freepik.com

 

Oito empresas de Belo Horizonte e Região Metropolitana são suspeitas de causarem um prejuízo milionário à Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) por meio de furto de energia. Segundo a companhia, só no ano passado, as perdas causadas pelos “gatos” somaram R$ 223 milhões. As empresas identificadas até agora são de Belo Horizonte, Contagem e Betim e atuam em ramos variados, como pacificação, atividade física, indústria e comércio em geral.

Conforme a Cemig, mais de 75 mil irregularidades relacionadas a furto de energia foram identificadas entre janeiro e junho deste ano nos 774 municípios atendidos pela companhia. “Somente na Região Metropolitana de Belo Horizonte, já foram inspecionadas mais de 103 mil unidades consumidoras durante o período, sendo que, em mais da metade desses serviços, foram constatadas irregularidades”, afirma a empresa em nota.

De acordo com relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os “gatos” na rede de energia deixaram as contas de luz até 13,4% mais caras em 2023. Os custos chegaram a R$ 9,9 bilhões, sendo que R$ 6,9 bilhões foram repassados aos clientes. Em Minas, os consumidores tiveram prejuízo menor: clientes da Cemig pagaram a conta 1,4% mais cara, e os da Energisa 0,1%.

O eletricista de redes de distribuição, Ronaldo da Silva, diz que essa prática, embora possa parecer uma solução rápida para economizar na conta de energia, representa um impacto profundo sobre toda a população. “A perda de receita decorrente das ligações clandestinas é um problema significativo para as concessionárias de energia. Para compensar, as empresas frequentemente ajustam suas tarifas, o que resulta em contas de energia mais altas para todos os consumidores”.

“Além disso, a energia consumida por ligações clandestinas não é contabilizada diretamente, o que pode sobrecarregar a rede elétrica e levar a problemas como quedas de energia e a necessidade de manutenção adicional devido à danos a transformadores e outros equipamentos. Esses custos adicionais geralmente são repassados aos consumidores legais”, completa.

Ele explica que o investimento em infraestrutura e em melhorias na rede pode ser prejudicado devido aos recursos direcionados para combater e reparar os danos causados por essas ligações clandestinas. “As concessionárias de energia investem recursos na detecção e no combate de fraudes e furtos de energia. Esses custos também podem ser refletidos nas tarifas dos consumidores regulares”.

Silva também ressalta que uma das preocupações com as ligações clandestinas é a segurança. “Instaladas de forma inadequada e sem respeitar as normas técnicas, essas conexões podem causar incêndios e choques elétricos. Além disso, a falta de manutenção adequada e os materiais de baixa qualidade usados nessas instalações aumentam o perigo para os moradores e para as equipes de emergência”.

“As empresas de energia têm intensificado os esforços para combater as ligações clandestinas, investindo em tecnologias de detecção e aumentando a fiscalização. No entanto, o sucesso dessas iniciativas depende da colaboração entre as autoridades, as empresas e a comunidade. Também é importante o lançamento de campanhas de conscientização, para educar a população sobre os perigos e as consequências legais do furto de energia”, conclui.