Desde pequeno sempre ouvi dizer que o Brasil é o país do futebol. Realmente era. Nos tempos idos, o futebol brasileiro dominava todas as atenções do povo e da imprensa. Encantava o mundo, revelava craques no atacado e conquistava títulos importantes. Outros esportes não tinham grande destaque. Vez ou outra, o Brasil virava manchete mundial e atraía atenções do povo com grandes conquistas no tênis, no boxe e, especialmente no automobilismo.
O futebol, depois do penta, até um pouco antes, perdeu muito em qualidade e prestígio. Ainda tem forte espaço na mídia e exerce alta atração popular. Entretanto, outras nações investiram no futebol, cresceram, igualaram as condições técnicas, táticas e, principalmente, físicas. Nosso futebol brilhante, cheio de ginga e alegria, parou no tempo e se transformou em algo robotizado. Atualmente, vivemos das glórias do passado. Sem querer ser pessimista, mas observando o andar da carruagem, creio que dificilmente vamos voltar a ter o melhor futebol do planeta. É possível até ganhar outra Copa do Mundo, mas aquela magia, nunca mais.
A sorte é que outros esportes vêm recebendo, a cada ano, bom incentivo dos dirigentes dos clubes, dos patrocinadores e até mesmo do público. Para a próxima Olimpíada, que acontece em Paris de 26 de julho a 11 de agosto, o Brasil já garantiu 239 vagas. E o número ainda vai crescer. Vamos ser representados em esportes tradicionais como o basquete feminino, vôlei de quadra e de praia, ginástica em várias modalidades, hipismo, handebol, natação, vela, judô, saltos ornamentais, boxe, atletismo e algumas novidades mais recentes, como o badminton, canoagem, maratona aquática, pentatlo moderno, skate, wrestling, entre outros.
O futebol feminino do Brasil cresce e pode fazer bonito lá na França, mas o futebol masculino deu vexame e não conseguiu a classificação. Outro esporte que faz sucesso, sendo praticado por milhares de atletas amadores e profissionais em todo o Brasil é o futsal. E não pode participar de Olimpíada, pois existe uma briga política e financeira entre o Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA). Quem perde é o público e os atletas.
Em termos de investimento estamos dando um salto enorme. 17 patrocinadores vão bancar nossos atletas e infraestrutura em Paris. Uma grana considerável. Algo em torno de R$ 24 bilhões. No passado, os atletas faziam vaquinha ou pagavam para participar.
Na última Olimpíada, em Tóquio, conquistamos 21 medalhas: 7 de ouro, 6 de prata e 8 de bronze. Algo extraordinário. Para alguns pode parecer pouco, mas é muito para um pobre Brasil que não coloca o esporte como prioridade. Quase tudo tem sido realizado pela iniciativa privada e por dirigentes e atletas abnegados.
A expectativa para a próxima Olimpíada é que possamos conquistar bem mais medalhas. Temos dezenas de atletas experientes e bem qualificados e uma safra de novos competidores com talento para subir ao pódio. Boa sorte para o nosso Brasil. Precisamos nos transformar na terra do esporte. Muito além do futebol.
Para não falar que estou jogando para escanteio o futebol, que tanto gosto e que faz parte da minha vida, é bom lembrar que o Campeonato Brasileiro em suas quatro divisões segue rolando por aí envolvendo 124 times. Acontece também a Copa do Brasil, com 92 times. Vários já ficaram no meio da estrada. Estas competições se estendem até o fim do ano.
De 20 de junho a 14 de julho acontece a 48ª edição da Copa América, com sede nos Estados Unidos, onde 16 seleções participam. Foram divididas em quatro grupos. A Seleção Brasileira está no grupo D ao lado do Paraguai, Costa Rica e Colômbia. Os dois melhores de cada grupo avançam. Uruguai e Argentina já venceram 15 edições. O Brasil 9 vezes. E a bola não para de rolar. A Conmebol realiza duas boas competições internacionais, reunindo dezenas de times da América do Sul. Minas Gerais marca presença com dois representantes, ambos classificados para as oitavas de final das competições. O Cruzeiro enfrenta o vencedor do playoff do grupo E pela Copa Sul-Americana. Pode ser Boca Juniors da Argentina ou Libertad do Paraguai. Jogos de ida e volta.
Pela Copa Libertadores, o Atlético enfrenta o tradicional San Lorenzo da Argentina em dois jogos. A decisão vai ser em Belo Horizonte, na Arena do Galo, e os vencedores avançam. Os jogos acontecem em agosto. Os demais esportes também cumprem um extenso e competitivo calendário. Centenas de times e milhares de atletas das mais variadas idades e modalidades participam ativamente das inúmeras competições pelo Brasil. Temos talentos aos montes.
Infelizmente, os governantes em todos os níveis não valorizam, muito menos sabem da importância do esporte para a formação do ser humano. Uma pena. O Brasil poderia ser o gigante mundial do esporte.