“Muitas pessoas com transtorno bipolar têm medo de contar para outras por medo da rejeição e do julgamento”. Essa é a fala da publicitária e escritora Bia Garbato, diagnosticada com o transtorno. Ela escreveu um livro com a intenção de conscientizar os cidadãos. “Uma coisa é ser bipolar e outra é ser louca. Um indivíduo bem tratado tem uma vida normal como um diabético com a glicemia controlada. Ele tem condição de trabalhar, ter família e amigos”, reforça.
Tratamento é importante
O psiquiatra Thiago de Oliveira Gonçalves destaca que um acompanhamento médico adequado é importante no transtorno bipolar. “O profissional juntamente com o paciente terá uma percepção dos sinais precoces dessa desestabilização no quadro, muitas vezes impedindo as recaídas, ajustando a medicação de forma mais precisa, conforme a necessidade. Esse acompanhamento não é apenas com remédios, mas também psicológico”.
Outro ponto abordado por Gonçalves é sobre o preconceito em relação ao transtorno bipolar. “Esses estigmas estão pautados em uma visão muito moralista e em uma confusão entre o transtorno e traços de personalidade e caráter da pessoa. Às vezes, os bipolares podem ser vistos como indivíduos instáveis, porém, um paciente bem acompanhado consegue manter a estabilidade e um funcionamento adequado”.
Ele destaca que o apoio familiar é fundamental durante o tratamento. “Os parentes e amigos precisam agir com aceitação e acolhimento. Eles são importantes para perceber, ajudar o paciente a buscar ajuda, além de auxiliar o profissional a reconhecer os primeiros sinais e fases da bipolaridade”.
O dia 30 de março é o Dia Mundial do Transtorno Bipolar. Para Gonçalves, a data é importante para quem possui o distúrbio e também para a conscientização da população em geral. “Especialmente quando é um quadro de saúde estigmatizado como acontece com a maioria dos transtornos mentais. Serve para inserir o paciente e dar a ele uma sensação de pertencimento e fornecer esclarecimentos”.
“Também é um espaço para dar acesso à informação de qualidade para a população, a partir de profissionais ou até mesmo da vivência de pacientes com esse transtorno. Desmistificar alguns pensamentos e empenhar mais a sociedade e familiares no tratamento e, como consequência, melhorar o engajamento dos pacientes bipolares e a qualidade de vida deles”, complementa.
Mudanças no humor
Segundo o psiquiatra, o transtorno bipolar causa alterações de humor. Uma das fases é a mania, onde o paciente experimenta uma energia excessiva, aumento da atividade, impulsividade, diminuição da necessidade de sono e pensamentos acelerados. “Seus sintomas podem durar mais de uma semana e costuma necessitar de uma internação hospitalar”.
Ainda de acordo com Gonçalves, a hipomania é menos intensa e pode passar despercebida. “Existe um aumento da energia, em até quatro dias. Porém, a hipomania leva a comportamentos imprudentes, como fazer compras por impulso, por exemplo”.
Já na fase da depressão, o médico afirma que ela pode ser mais duradoura que a mania e a hipomania. “Para ter um quadro depressivo, o paciente deve ter pelo menos duas semanas de um humor mais rebaixado, uma diminuição de impulsos e, às vezes, queda da ativação noturna. Normalmente, os pacientes dormem mais e ficam sem energia nesse período”.