A última edição do “Raio-X do Investidor Brasileiro”, organizado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), mostrou que 36%, equivalente a 60 milhões de brasileiros, investem em produtos financeiros. Os números apontam para um aumento de 5% em relação a 2021 e foi observado em todas as classes sociais e faixas etárias. A caderneta de poupança é a principal aplicação realizada por 26% dos entrevistados.
O levantamento feito com 5.818 pessoas também revelou que 64% dos brasileiros são considerados “não investidores”, uma queda de 5 pontos percentuais ante 2021. Entre eles, predominam os que não investem de nenhuma forma (53%), aproximadamente 88 milhões de pessoas. A principal justificativa dos que não fizeram investimentos é devido às condições financeiras desfavoráveis, como a falta de dinheiro, baixos salários, desemprego, outros gastos e inflação (75%). Também foi mencionado o desinteresse em fazer algum investimento (9%), insegurança (6%) e falta de conhecimento/informações sobre o assunto (3%).
Para a educadora financeira, Simone Sgarbi, a escassez monetária não deve ser motivo para não realizar investimentos financeiros. “É importante projetar um futuro com menos sufoco no que se refere a dinheiro. Investir não é luxo, é necessidade. Quanto menos renda a pessoa tem, mais relevante se torna aplicar suas economias. Em épocas de crise, as que possuem menos condições são as mais afetadas, visto que as taxas de juros são maiores para quem não pode oferecer nenhum tipo de garantia”.
Como começar a investir?
Segundo Sgarbi, uma boa forma de iniciar é investir 10% do salário. “Se receber R$ 2 mil, aplique R$ 200. Se ganhar R$ 5 mil, invista R$ 500, e assim por diante. Esse pequeno ajuste em suas prioridades tem a capacidade de mudar sua relação com as finanças. Também existem diversos produtos que permitem um aporte inicial bem baixo, como títulos do Tesouro Direto a pouco mais de R$ 30, ações que custam R$ 10 e até Certificados de Depósito Bancário (CDB) por R$ 1”, diz.
Fundos imobiliários
Os fundos de investimento imobiliário permitem que investidores individuais apliquem seu dinheiro em um portfólio diversificado de ativos imobiliários, como edifícios comerciais, shoppings, hotéis, galpões logísticos, entre outros. Os rendimentos gerados, como aluguéis e ganhos de capital, são distribuídos periodicamente aos cotistas na forma de dividendos. Atualmente, o Brasil possui 2,1 milhões de investidores ativos em fundos de investimento imobiliário, um aumento de 6,9% em relação a dezembro de 2022.
No momento, as cotas estão sendo precificadas com valores abaixo do normal. Uma das justificativas é a taxa Selic, que está em 13,75%. Para o assessor financeiro Gabriel Câmara, o atual momento pode ser uma oportunidade para investir nessa modalidade. “Aqueles que aplicarem nos fundos de investimento imobiliário agora poderão se beneficiar quando eles retomarem um desempenho positivo, o que ocorrerá quando as taxas de juros começarem a reduzir”, afirma.
Investimentos por aplicativos
O estudo da Anbima mostrou que os aplicativos de bancos se tornaram o principal meio utilizado para se fazer aplicações financeiras, sendo escolhido por 43% da população em 2022, um avanço de 10% em relação ao ano anterior. Para o superintendente de Educação da entidade, Marcelo Billi, a pesquisa trouxe uma mudança significativa de comportamento dos brasileiros. “Mesmo com o fim do isolamento social, passaram a utilizar, principalmente, os aplicativos dos bancos para investir. Demonstraram confiar mais nas ferramentas on-line, com a percepção de ter os benefícios da agilidade e da facilidade”, conclui.