Segundo Pesquisa Salarial realizada pela Catho, marketplace de tecnologia que conecta empresas e candidatos, profissionais negros e pardos com especialização em seus currículos ganham até 36% a menos do que pessoas brancas com as mesmas graduações. O resultado da análise ainda mostra que os brancos recebem, na média, salários maiores dentro das empresas e que esse ganho pode chegar até 30% a mais.
Em relação aos cargos, a desigualdade salarial passa a ser notada desde a diretoria até o operacional. Diretores negros ganham 30,36% a menos que os colegas brancos. Essa diferença acontece também em outros cargos. Descendo a hierarquia, na segunda posição está a ocupação de supervisor/ coordenador (-13,42%), seguida de profissional especialista graduado (-11,89%), analista (-8,58%), profissional especialista técnico (-8,68%), assistente/auxiliar (-7,22%) e operacional (-4,54%).
O estudo também mostrou que a diferença vai além dos cargos, ocorrendo inclusive em relação ao nível de escolaridade. Profissionais negros que conquistam o doutorado ganham até 18% a menos. No mestrado, a diferença chega a -32,15%, seguido de pós-graduação/especialização/MBA (-36,14%), formação superior (-28,94%), ensino médio (- 9,51%) e ensino fundamental (-5,51%).
Segundo a consultora de Recursos Humanos, Karine Soares, para que as pessoas possam falar sobre a presença do racismo nas relações sociais e dentro de instituições são necessárias ações de conscientização. “Estamos vivendo um momento importante para que as empresas repensem sua política interna e façam uma avaliação para mudar essa realidade, inserindo mais funcionários negros, principalmente em posições de liderança. Por isso, é tão necessário ter uma cultura organizacional que parte da equidade racial”.
Ela diz que é necessário ter uma visão mais abrangente no combate às desigualdades raciais. “Isso começa na própria origem social, passa pela escola e se reforça no mercado de trabalho. Existe um desequilíbrio acentuado no Brasil. Cargos com maior rendimento e prestígio apresentam menor proporção de negros e mulheres. Durante os anos vimos uma modesta melhora, mas é necessário compromisso da sociedade para chegarmos a um patamar mais justo”.
O contador, Robson Silveira, diz que ser negro e de periferia é um desafio. “Quando se nasce nessas condições parece que sua vida já não tem perspectivas e só existe o caminho do crime. É difícil acreditarem na sua capacidade e te darem oportunidades, principalmente vindo de escola pública e não tendo boas condições financeiras”.
Para ele, é essencial conquistar cada vez mais espaços. “Na faculdade não temos muitos professores negros, assim como nas empresas não é comum termos chefes e diretores negros. Por isso, acredito ser fundamental tornar a discussão popular e levá-la para todos os âmbitos da vida para que consigamos entrar e sair de qualquer lugar e não apenas dos que nos designaram”.