Você já deve ter presenciado operadores de caixa conferindo a autenticidade de uma nota. Essa atitude pode ser vista por alguns como constrangedora, contudo, é bastante comum para evitar transtornos e prejuízos ao estabelecimento. Isso porque com o avanço dos recursos tecnológicos, os falsários conseguem se aproximar cada vez mais das cédulas originais. Em 2021, o Banco Central (BC) reteve 270.971 notas falsas que estavam em circulação no país. São quase R$ 25 milhões de um dinheiro que não possui nenhum valor.
Apesar de ser alto, o número é 17,7% menor que o verificado em 2020, quando 329.492 cédulas foram apreendidas. O estado com mais falsificações foi São Paulo com 98.827 notas falsas retidas. Em seguida aparecem Minas Gerais (34.989), Rio de Janeiro (26.266), Paraná (25.934), Rio Grande do Sul (14.322). As notas de valor alto são as mais falsificadas. A campeã é a de R$ 100, com cerca de 110.580 mil fraudes. Já as notas de R$ 50 somaram 56.672 apreensões.
A falsificação é crime previsto pelo artigo 289 do Código Penal, com pena prevista de 3 a 12 anos de prisão. Conforme salienta o BC, quem tenta colocar uma cédula falsa em circulação depois de tomar conhecimento de sua falsidade, mesmo que a tenha recebido de boa-fé, pode ser condenado de 6 meses a 2 anos de detenção.
O fato é que, na correria do dia a dia, muitas pessoas ainda não sabem identificar uma nota falsa. A atendente de telemarketing Marcela Soares acabou não prestando atenção e recebeu uma de R$ 50. “A gente sabe que existem pessoas que agem de má-fé, mas nunca acha que isso vai acontecer com a gente um dia. Confiro se o troco está certo, mas não verifico se a nota é verdadeira. Só fui perceber o problema quando cheguei em casa e comparei com outra cédula”, lembra.
Mesmo quem já está acostumado a lidar com dinheiro no comércio pode ser pego desprevenido. O supervisor de vendas Fabiano Silva conta que orienta sua equipe a checar as notas recebidas antes de dar o troco. “Normalmente, a fraude acontece mais com as de R$ 100 e R$ 50. Mas, por várias vezes, já identificamos notas falsas de R$ 20 ao fechar o caixa. Hoje, algumas falsificações são quase imperceptíveis. É triste quando acontece, pois gera prejuízo”.
Como identificar?
Existem alguns métodos utilizados por lojistas para saber a veracidade de uma cédula de real, como a caneta detectora de notas falsas. Se aparecer a mancha ao riscar a cédula, fica comprovada a falsificação. Também tem a luz ultravioleta, que ao ser passada sobre o dinheiro, faz brilhar o valor correspondente da nota. No entanto, o BC não recomenda nada disso e orienta que o melhor é conhecer e checar quais são os elementos de segurança.
A primeira coisa a se verificar é a textura mais firme e áspera que o papel comum, assim como algum tipo de relevo quando se passa os dedos. Nas notas de R$ 50 e R$ 100, existe uma faixa holográfica no canto esquerdo que mostra o valor ou a palavra “reais”. Já nas de R$ 10 e R$ 20, o número muda de cor, dependendo da posição da nota. No Brasil temos duas famílias de Real, sendo a primeira de 1994 e a segunda de 2010 e esses macetes servem para as duas.
Ao segurar a cédula contra a luz, verifique a marca d’água e o fio de segurança no meio do papel. Por último, observe o número escondido correspondente ao valor e o quebra-cabeça nos dois lados, formando o valor da nota. Também existe o aplicativo “Dinheiro Brasileiro”, lançado pelo BC para ajudar no reconhecimento das cédulas do Real. Ele pode ser baixado gratuitamente na App Store e na Google Play Store.
Como agir?
Conforme orientações do BC, caso receba uma cédula falsa de um terminal de autoatendimento ou caixa eletrônico, o cliente deve se dirigir ao gerente da agência para entregar a nota e solicitar a substituição de imediato. Se não obtiver solução satisfatória, pode procurar uma delegacia policial mais próxima e registrar uma possível ocorrência.
Caso o cidadão desconfie da autenticidade de uma nota nas transações do dia a dia, pode recusá-la e recomendar ao dono do estabelecimento que procure uma agência bancária a fim de encaminhar a cédula para análise pelo BC. Se a falsidade não for percebida de imediato, a própria vítima poderá também apresentar a nota em uma delegacia da Polícia Civil ou Federal e relatar os fatos.