Vários são os itens analisados para indicar a catástrofe que se abateu sobre os cidadãos brasileiros quando o assunto é o financeiro. Segundo dados da pesquisa Peic, realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o primeiro semestre do ano acabou com 69,7% das famílias endividadas. O mês de junho atingiu o maior percentual de pessoas nessa condição desde 2010. Os números representam uma alta de 1,7% em relação a maio e de 2,5% do registrado em junho de 2020.
As implicações dessa inacreditável realidade traz em seu bojo outra revelação: uma média de 10,8% das famílias declarou que não conseguirá pagar suas despesas ou dívidas. Para a economista Gabriele Couto, alguns fatores são responsáveis por esse cenário, como o alto índice inflacionário e a cotação do dólar perante o real. “Os produtores de alimentos passam a dar preferência para a exportação, fazendo com que a oferta dentro do país fique menor e os preços mais caros. Além disso, temos o índice de desemprego que está elevado, bem como salários baixos e, por fim, a educação financeira do brasileiro é precária”.
Não precisa ser especialista para notar a gravidade vivenciada por muitos brasileiros. Deste modo, espera-se que as autoridades públicas, especialmente as que comandam o segmento econômico do governo federal, planejem ações efetivas para reverter esse quadro. Afinal, o abismo entre os ricos e os pobres é cada vez mais perceptível.
A especialista em finanças Aline Soaper explica que as famílias endividadas representam uma piora na economia do país. “Mais pessoas estão dependendo de programas sociais e sem acesso a créditos, e isso afeta também a produção e o consumo de vários setores. Com menos consumidores, as consequências chegam às empresas e afetam negativamente a todos”.
Aline acrescenta ainda que a solução deve começar pelo aumento da quantidade de postos de trabalho. “A geração de novas vagas e, consequentemente, o avanço da renda familiar são fundamentais para diminuir o número de famílias endividadas. Da mesma forma, é preciso mais conscientização financeira”.
Em verdade, o poder central está perdendo o jogo e, com isso, não tem conseguido controlar o preço das coisas e da inflação, gerando juros altos, desemprego e economia descontrolada. Contudo, registra-se um fato real: o peso desse desgoverno sempre incide perante os mais pobres.