A indústria de transformação, responsável por produzir os bens de consumo mais comuns, fechou o ano com um desempenho relativamente negativo. O Índice de Atividade Industrial, calculado mensalmente pela Associação Brasileira de Automação- -GS1 Brasil, demonstra que o recuo nos últimos 12 meses foi de 9,4% devido à crise econômica provocada pela pandemia de COVID-19.
O segundo trimestre de 2020 contou com o pior desempenho na intenção da indústria em lançar produtos. Isso porque o distanciamento social foi mais intenso nessa época, gerando um impacto maior. O índice acumulou queda de 31,5%.
Algumas regiões chegaram a alcançar níveis positivos após o terceiro trimestre. Porém, os números foram insuficientes e não supriram as quedas do início do ano. De janeiro a dezembro de 2020, Minas Gerais teve recuo de 7,3% em produtos lançados pela indústria local. O Sudeste retrocedeu 9,1% em 2020.
Os dois primeiros trimestres do ano foram negativos para os cinco principais setores do índice: bebidas, vestuário, têxtil, alimentos e produtos diversos. Após o terceiro semestre, todos tiveram saldos positivos na comparação com o mesmo período de 2019, mas, no acumulado do ano de 2020, o único campo que apresentou resultado positivo foi o de bebidas, que conseguiu recuperar as perdas e fechou o ano 0,7% acima da soma de 2019.
Na sequência, os outros segmentos fecharam no vermelho, como vestuário (-1%); têxtil (-3,8%); alimentos (-12,1%); e produtos diversos (artigos de joalheria, brinquedos, instrumentos musicais entre outros), com (-14,2%) na comparação com o ano anterior.
Para a analista de Inteligência de Mercado da Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil, Carolina Fernandes, os impactos da pandemia foram sentidos na maior parte dos setores da economia, senão em todo. “A paralisação das atividades que ocorreu a partir de meados de março e nos meses de abril e maio levaram a uma queda no consumo das famílias e na produção industrial”.
Ela acrescenta que com todos esses fatores em conjunto, é natural um declínio na confiança dos empresários para o lançamento de produtos, o que impactou o Índice de Atividade Industrial. “Nos meses subsequentes, notamos uma recuperação gradual, conforme foram retomados os níveis de consumo e da economia. No entanto, não foi o suficiente para superar as perdas ocorridas no período de restrição de atividades”.
Novos rumos
De acordo com ela, os primeiros impactos da COVID foi possível notar uma adaptação das empresas à nova realidade. “A retomada gradual das atividades e do consumo, em conjunto das ações de empresas e governo para enfrentar esse novo cenário, levaram a uma reação positiva dos mercados. Esses fatores influenciaram na confiança dos empresários, levando assim a uma reação no Índice de Atividade Industrial”.
O setor de bebidas, na visão da especialista, tem se mostrado mais resiliente às alterações de mercado, investindo na diversificação do seu portfólio. “Desta forma, os resultados apresentados no terceiro e quarto trimestre foram acima do realizado em 2019, fazendo com que o ramo se recuperasse das perdas sofridas”.
Carolina explica ainda que as empresas normalmente se planejam com antecedência para investir em inovação, seja em novas tecnologias ou renovação de portfólio. “Com a chegada da pandemia houve um impacto nesse planejamento, levando as organizações a se adaptarem a um novo cenário”. Segundo ela, é difícil prever quais ações poderiam reverter essa situação. “Porém, o investimento em novas tecnologias de automação é sempre um bom recurso para apoiar as organizações”.
O fato é que 2021 já começou com queda no índice de Atividade Industrial (vide box). No entanto, ela explica que o desempenho é natural para os meses de outubro a fevereiro, quando se reduz o ritmo de atividade nas indústrias. “É preciso observar os reflexos da pandemia no mercado para poder ter uma melhor visão do que ocorrerá ao longo deste ano”.