A pandemia do novo coronavírus alterou vários hábitos da população e entre essas mudanças está a impossibilidade de ir à academia, pois esses locais podem ser focos de transmissão da doença. Para tentar se manter ativa e em forma, várias pessoas estão treinando em casa, porém essa prática pode ser perigosa: sem o acompanhamento de um profissional, o risco de lesão aumenta.
A coach de Crossfit e professora de educação física Tatiana Paiva explica que as contusões podem acontecer seja pelo estímulo em excesso ou insuficiente para o organismo. “Os exercícios devem ser devidamente orientados em relação à sobrecarga de treino, tempo de repetição e séries utilizadas em cada aula, evitando riscos à estrutura e integridade corporal, mantendo o praticante apto para treinar e livre de lesões, principalmente na coluna e articulações ou dores exacerbadas”.
Ela reitera que os maiores causadores de lesão são os exercícios sem as devidas correções corporais para executá-los, ou seja, posturas inadequadas e falta de conhecimento intrínseco do corpo. “As cargas excessivas e treinamentos infundados também dão margem para que as lesões ocorram”.
Todas as pessoas que praticam atividade física estão suscetíveis a se machucarem, seja quem está começando há pouco tempo ou quem está em estágios mais avançados. “Por isso, é necessário reforçar o acompanhamento de um profissional capacitado. As lesões podem ocorrer por gestos motores realizados desarmoniosamente, nos quais as posturas incorretas colocam a coluna vertebral e as articulações em descompensação de cargas, riscos de lesões articulares e desvios posturais, levando o corpo à fadiga muscular e mental”.
Apesar desse perigo, a profissional recomenda a prática de atividades físicas. “Vivemos um momento ímpar na história, em que fomos forçados a rever nossos conceitos em todos os âmbitos da vida. A preocupação com o nosso bem-estar não deve ser deixada de lado e, por isso, os hábitos saudáveis e manter o corpo ativo se fazem ainda mais necessários”.
Entre vantagens destacam-se a redução do risco de morte prematura por doenças cardiovasculares, diabetes do tipo II, câncer do cólon, hipertensão arterial e regulação do peso corporal. “Há também benefícios para a saúde mental, pois, ao provocar melhoras significativas no sistema músculo-esquelético e mobilidade, o bem-estar psíquico do indivíduo aumenta”.
Para evitar as lesões, Tatiana recomenta procurar um profissional qualificado, pois ele está apto a desenvolver um treino cientificamente seguro para que o indivíduo alcance os seus objetivos de forma segura e eficaz. “Para você ter uma ideia, as aulas coletivas que leciono são montadas de forma a abranger todos os públicos em um único treino. Ele é previamente organizado em um planejamento chamado periodização, no qual distribuímos as capacidades físicas a serem abordadas. Os movimentos têm adaptação de carga e modo de execução para que todos consigam executar e, assim, alcancem seus objetivos pessoais. E quando falo de todos incluo pessoas que já fazem da prática de atividade física um hábito de vida, iniciantes, sedentários e grupos especiais”, finaliza.
O que fazer após se lesionar
O ortopedista Eduardo Frois diz que uma lesão pode ser identificada após um quadro de dor, inchaço, roxidão que não melhore em um período superior a 24 horas e sofra uma repercussão clínica ou funcional, atrapalhando a qualidade dos movimentos. “Temos que ter cuidado e seguir todas as medidas de prevenção da COVID-19, mas diante de uma lesão produzida por uma prática física, esse paciente deve procurar atendimento médico especializado”.
Ele acrescenta que, hoje, a grande maioria dos centros de saúde, seja hospitalar ou clínico, já estão preparados com fluxos próprios para atendimento prioritário desse paciente. “Uma lesão não vista, não diagnosticada e não tratada pode trazer uma morbidade, ou seja, um impacto na qualidade de vida desse paciente, que pode trazer repercussões de meses ou até anos dependendo do problema”.