Segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), os contaminados pelo novo coronavírus, até o momento*, estão espalhados por 24 municípios do estado. A cidade que mais registra incidência da doença é Belo Horizonte com 62,4% dos infectados. Em seguida, Nova Lima tem 6,9% dos casos. Juiz de Fora, Uberlândia e Divinópolis têm, respectivamente, 5,8%, 3,7% e 3,2% dos registros da COVID-19. O restante das cidades tem índices entre 0,5% e 2,1%.
Em relação ao perfil destes pacientes, 58,2% são homens e 41,8% mulheres. Com relação à faixa etária, incluindo os dois sexos, a grande maioria dos infectados, 110 dos 189 dos pacientes, têm idades entre 20 e 59 anos, o equivalente a 84,1% do total. Já o grupo de risco, acima de 60 anos, segundo o boletim, representa 14,3% dos casos, com 27 idosos com a doença. Entre os pacientes, também há uma criança com menos de 1 ano.
Importante ressaltar que o boletim da Secretaria detalhou apenas os casos confirmados. Desde o dia 20 de março, o Ministério da Saúde declarou transmissão comunitária nacional, ou seja, que em todo país já não há como saber a origem do vírus e, portanto, o Ministério não testa mais pacientes com quadros considerados leves, o que leva a uma subnotificação da COVID-19.
Perfil em Wuhan
A revista científica “Lancet” publicou um estudo, no dia 30 de janeiro, sobre os 99 primeiros pacientes internados em Wuhan, na China (foco inicial da doença), que mostram algumas semelhanças com o perfil epidemiológico da doença no estado. No local, a maioria (68%) também eram homens. Já em relação à idade, a média era de 55 anos, incluindo os 67 homens e as 32 mulheres infectadas. A SES-MG não divulgou se os pacientes mineiros têm ou não históricos de doenças crônicas. Já nos pacientes chineses, 51% apresentavam enfermidades crônicas.
Para o infectologista e presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), Estevão Urbano, a decisão de testar apenas alguns casos, que contraria a recomendação da Organização Mundial da Saúde, é razoável. “O ideal seria fazer exames em todos os pacientes suspeitos para contabilizar casos. Mas, aparentemente, como teremos um volume grande e não temos kits suficientes, é razoável a medida de limitar aos mais severos. Acredito que as medidas até aqui são satisfatórias. São todas ações empíricas, até pelo desconhecimento da situação, o mundo inteiro está discutindo o que é melhor”, avaliou.
Sobre a possibilidade de um surto no Brasil e em Minas, Urbano diz que o Brasil tem características próprias e que não há como prever. “É uma população muito grande. Não dá para ter certeza de nada: se vamos evitar o surto ou quantos casos teremos. Mas, quanto mais precoce a intervenção, menor a chance de surto”.
*Esta matéria foi escrita de acordo com os dados
divulgados pelo boletim epidemiológico da SES-MG do dia 27/03/2019. O número de casos suspeitos, confirmados e óbitos suspeitos atualizados devem ser consultados em https://www.saude.mg.gov.br/