De época em época aparecem, em um país, grupos de jogadores talentosos que geralmente duram uma geração e marcam sua presença para sempre, independente de ganhar títulos ou não. A Hungria viveu esse fascínio em 54, a Holanda em 74, o Brasil em 82 e, agora, a Bélgica e a Croácia figuram entre aqueles que mostraram futebol de luz e brilho.
O torcedor brasileiro já percebeu bem antes da nossa imprensa ufanista (nem toda ela) que existe uma nova ordem no futebol. O interesse pelos jogos nos campeonatos europeus – Eurocopa, Liga Europa e Liga dos Campeões – é visível e quem tem acompanhado tudo isso não viu nada espetacular na Copa do Mundo da Rússia.
O Mundial foi a síntese e a prova definitiva da mudança. A reunião de grandes jogadores espalhados por diversas seleções foi um festival de futebol disputado em alto nível, com estádios perfeitos, gramado impecável e público motivado. Da participação brasileira fica a lembrança de que poderíamos ter ido mais longe.
Da Copa podemos e devemos retirar lições importantes e reconhecer que no momento se joga no Brasil um futebol antigo. Os clubes trabalham seus atletas jovens não para o time principal, mas para a venda imediata ao exterior. Até China, a Arábia e a Rússia já perceberam que a mercadoria aqui é barata, pois quem vende para pagar dívida vende mal.
Tite deveria ter ficado na Copa até o fim e recolher o que de bom a reta decisiva nos mostrou. Humildade, neste momento, é imprescindível. Aprender é obrigação. Não é hora de caçar as bruxas. O Brasil continua amando esse esporte mágico, presente em nosso DNA.
O que se pede e sugere é que não existe oportunidade maior para repensar o nosso futebol depois da bela Copa do Mundo da Rússia.
*Presidente da Rede Itatiaia de Rádio