Mas, afinal de contas o que é o novo na política? “A verdade”, diz o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin do PSDB antevendo o caminho do desastre eleitoral que os tucanos vão enfrentar em 2018. “O novo na política é não ser político”, responderia o prefeito de São Paulo, João Doria, um político que finge não sê-lo. Doria foi implantado à força no ninho tucano. Todos se convenceram de que o eleitor está em busca de um mundo novo e a largada foi dada, o momento é de se fantasiar de novo. Os políticos são craques nesta arte de se metamorfosear.
O velho truque de lobo com pele de cordeiro. O alarme foi dado e o desespero tomou conta do Congresso. Deputados e senadores saíram em campo na arte da sobrevivência. Cada deputado é uma instituição, com as suas falhas, características e virtudes. A corrida agora é para formar a base de apoio, camuflar o seu lado antigo e se apresentar como um produto novinho em folha de ideias, gestos e opções.
Simples é traduzir. Difícil é fazer valer o voto. O eleitor não pode ser responsabilizado nem pelo voto errado. Seria, se as opções fossem claras e as fantasias descobertas. As legendas escondem propostas partidárias, o dinheiro camufla propostas de campanha e até gestos são criados e é aí que o barco se perde. O eleitor não tem dados para identificar as armadilhas profissionais. O voto não erra ao escolher os representantes, ele é levado ao erro. Sempre. Não há informações confiáveis para a escolha dos representantes. Este é um jogo de cartas marcadas e o eleitor participa apenas para confirmar a escolha feita por dirigentes. Só há uma condição para o eleitor tomar a decisão, se não houver acordo entre os dirigentes. Este é o momento. A cizânia foi implantada. Chegou o momento do cidadão, eleitor ou brasileiro. As elites falharam e o sinal está aberto para a escolha livre. A campanha do ano que vem será menor, mais barata e tudo indica mais verdadeira.
O cenário político, para o desespero dos donos do Estado indica que este é o caminho, mas não dá para confiar. Os políticos se multiplicam e a procriação é rápida. Não há possibilidade de futuro sem políticos. São como baratas, só elas sobreviverão, mesmo em caso de guerra nuclear. O que acontece é que no momento seguinte da candidatura de um “não político”, ele se transforma em político e começa todo o processo de volta. A luta pela reeleição e a tentativa desesperada de se manter no sistema que provoca todo o processo. Estamos diante de uma epidemia. O tratamento eficaz para o caso de epidemia é afastar o agente transmissor, ou seja, o político. A saída parece tão simples que não há como fazê-la já que ficaria nas mãos dos congressistas.
A proibição total de reeleição seria uma saída definitiva, mas difícil de ser implementada. Resta, portanto, a tentativa de renovação elegendo sempre os mesmos. Nas últimas eleições os políticos atingidos pelas investigações deram um baile. Criaram o filhotismo. Políticos tradicionais como Newton Cardoso, José Agripino, Arthur Virgílio, Cássio Cunha Lima, Virgílio Guimarães e outros elegeram os seus filhos. É assim que nasceram os deputados como o Fufuca que chegou mesmo que de forma interina à presidência da Câmara dos Deputados. A safra de líderes não foi boa e a tendência é piorar.
*Jornalista, correspondente da Rede Jovem Pan e comentarista político da Redevida de Televisão