Com uma vasta experiência no Legislativo, trabalhando há 32 anos na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), o novo presidente da Casa, vereador Henrique Braga (PSDB), chegou ao cargo com um grande desafio: sanar uma dívida de R$ 28 milhões. As primeiras medidas já foram tomadas. “Cancelei o contrato com duas empresas terceirizadas, que juntas, somam quase R$ 1 milhão por mês, e também suspendi a verba publicitária, que, no ano passado, foi mais de R$ 20 milhões”.
Para o parlamentar, o dinheiro que era destinado aos veículos de comunicação não trazia um bom retorno para a Câmara. “Distribuir dinheiro público para emissoras de TV, rádio e jornal impresso não justifica. Até um espirro mal dado aqui dentro repercute. A mesma imprensa que recebe esse dinheiro, enche a cabeça do povo com notícias ruins daqui”.
Braga disse que pretende manter a Casa nos noticiários fazendo com que os vereadores trabalhem com seriedade. “Se a gente trabalhar bem, os jornais vão ter que noticiar. Além disso, o dinheiro destinado às mídias oficiais vai ser mantido para o que tiver de positivo na Câmara ser divulgado”.
Ele acredita que a melhor forma para o Legislativo aparecer para a população é por meio da Câmara Itinerante, na qual os parlamentares vão às regionais da capital para ouvir as demandas e planejar o orçamento participativo para os próximos anos.
O vereador destaca ainda que, em apenas 100 dias de mandato, já conseguiu realizar várias demandas que estavam pendentes há anos. “Além dessa economia de verba pública, vou inaugurar o restaurante popular, convoquei concurso para aproximadamente 100 vagas, além do aumento que darei para os servidores de 10%, que estão há 2 anos sem valorização”.
Relação com Kalil
Como presidente do Legislativo, Braga tem que lidar diretamente com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS). De acordo com o vereador, ele não vai atuar nem como base aliada e oposição, mas sim como mediador. “O projeto que ele mandar para a Câmara Municipal e for bom para a cidade, terá o meu empenho junto aos vereadores para que vire lei”.
Eleição polêmica
A sessão que elegeu o tucano como presidente da CMBH pelo biênio de 2017/2018 foi marcada por confusões. Durante a cerimônia realizada no Teatro Francisco Nunes, no Centro de Belo Horizonte, devido à obras no plenário da Casa, Braga conseguiu o apoio de 21 dos 41 vereadores.
Após a definição do parlamentar como o novo presidente da Câmara, vários vereadores pediram para que o processo fosse cancelado, alegando que houve irregularidades durante o processo. Inclusive, Gabriel Azevedo (PHS) acusou o vereador afastado Wellington Magalhães (PTN) de comprar votos para o tucano.
Questionado sobre o assunto, Braga afirma que as reuniões com os parlamentares aconteceram, mas nada de irregular. “Depois do fim das eleições, começamos a articulação para formar um bloco para tentar eleger uma mesa diretora. A princípio, essas reuniões eram coordenadas pelo Wellington Magalhães, mas depois que ele foi suspenso das atividades parlamentares, assumi a presidência e achei por bem continuar com os encontros, nos quais ele não estava mais presente. No começo, éramos 17 vereadores e, na última reunião, o grupo era de 20”.
O tucano diz que o ocorrido durante a cerimônia que o elegeu presidente foi apenas um incidente e que alguns vereadores que agiram de forma ríspida depois se desculparam. “Eles me conheceram melhor e perceberam que me julgaram mal”.