Uma hora depois de decretada a prisão do ex-governador Eduardo Azeredo o deputado Sílvio Torres, do PSDB de São Paulo, gritou: “Vítima da criminalização da política”. Esse é um assunto recorrente depois que as coisas ficaram pesadas para os políticos. Lula (PT) não foi e não será o último peixe grande a ser encarcerado. As celas estão cheias e a fila aumenta. O que aconteceu de novo? A quebra do muro de proteção. Fadiga do processo, explosão do mundo maravilhoso e impune dos políticos.
Do prefeito ao presidente da República, era comum a confusão entre os orçamentos. Não havia limites entre os gastos pessoais e para os amigos e os gastos públicos. A situação mudou e os crimes continuam sendo praticados, mas agora a diferença é que ficou mais perigoso. Não é só o juiz Sérgio Moro que anda atrás dos corruptos, os defensores da lei encarnados nesta nova geração se multiplicaram. Tanto que já chegaram até no Supremo. Os ministros entenderam a nova realidade.
Fazer política nunca foi fácil e muito menos barato. É caro e muito eleger de vereador a presidente, mas o dinheiro sempre chegou às mãos dos políticos. Era justificável. Roubar, desviar, ou financiar para a política, para a campanha, tudo bem. Nesta lógica ou na ética da malandragem roubar para comprar carros, casas e bolsas é que era feio e reprovável. Às claras, todos sabem que houve roubos até para o supérfluo. O tal enriquecimento ilícito. O rei está nu.
O PT foi o primeiro a ser alcançado. O PSDB jogou gasolina na fogueira e o fogo pegou atingindo a todos. Os alertas não foram atendidos e graças a este sentimento de impunidade que dominou o Brasil os partidos achavam que não seriam pegos. Foram. Os chamados detalhes sórdidos assustam ao ponto de se questionar quem dominou quem. Os donos das empresas (de frigoríficos a empreiteiras, passando por comida de presos) dominaram os políticos ou os políticos é que tomaram de assalto os cofres dos empresários honestos? A verdade é que um é criação do outro. Não há inocentes nesta história.
Se a política está criminalizada que os políticos sejam presos pela prática do crime desta política. A Lava Jato não inventou a política e o crime, mas trouxe à luz tudo o que fede nos bastidores do poder. Que os políticos descansem em paz. Nas celas especiais ou não, mas presos.