Valores financeiros estão sendo repassados pelas mineradoras ao governo mineiro, assim como para algumas prefeituras, tendo em vista o acordo judicial firmado com o escopo de garantir investimentos, como reparação pelo rompimento das barragens de Fundão e da mina Córrego do Feijão. Ambas são enumeradas como as maiores tragédias do mundo, ceifando vidas, trazendo prejuízo ao meio ambiente e desassossego a milhares de famílias.
Depois de anos de discussão, os processos de reparação pecuniária se tornaram realidade, especialmente em relação ao repasse aos estados prejudicados: Minas e Espírito Santo. Com isso, os cofres do governo mineiro serão alimentados com alguns bilhões, conforme está previsto no aludido acordo perante o Poder Judiciário e as empresas envolvidas.
Com a verba procedente da Vale, o Estado anunciou cerca de R$ 5 bilhões para construção de um Rodoanel com mais de 25 km de extensão. À época, críticos diziam que a obra era de difícil execução, por conta de uma série de demandas, incluindo a autorização do meio ambiente. E logo na sequência, vieram os questionamentos por parte das Prefeituras de Betim e Contagem. O assunto acabou na prateleira, embora o montante financeiro esteja reservado para esta finalidade.
Nos primeiros meses de 2025, começa a “pingar” nos cofres do tesouro estadual parte dos milhões referente às parcelas da verba da Vale, como parte do entendimento relacionado à tragédia de Mariana. São verbas sem anexação ao orçamento anual do governo mineiro, destinadas a investimentos. Ninguém conhece quem está fiscalizando a efetiva aplicação do montante, que deve se estender por 20 anos. Se deixar apenas por conta dos ocupantes do Palácio Tiradentes, poderá haver exploração política.
As vidas perdidas por muitos trabalhadores e moradores do entorno dos dois locais sequer são mencionadas. Por certo, já estão elaborando um mutirão de obras, sem a devida moderação pública, mas que vão se traduzir em um bom resultado eleitoral para quem estiver no comando do Poder Central do Estado.
A decisão é política e cabe ao governador exercer o seu direito de priorizar as obras. O certo seria implementá-las, prioritariamente, nas regiões próximas ou localidades afetadas pelos desastres. Na prática, não é isso que vem acontecendo, lamentavelmente. O assunto merece um acompanhamento do Ministério Público.