A Uber está completando 10 anos de atividade no Brasil. Para quem não se lembra, o aplicativo começou suas operações no país em 2014 durante a realização da Copa do Mundo. A plataforma é utilizada em todas as capitais brasileiras e em mais de 500 cidades de porte médio. Mesmo fazendo parte da Política Nacional de Mobilidade Urbana desde 2012, o transporte individual privado só virou realidade naquele ano da Copa, integrando o Brasil ao grupo de países que já desfrutavam dos serviços, atendendo, principalmente, aos turistas que vieram assistir aos jogos. Começou pelo Rio de Janeiro e depois São Paulo.
Belo Horizonte foi a terceira cidade a fazer uso do aplicativo. De lá para cá, muita coisa mudou, e para pior, contrariando o próprio significado da palavra alemã: melhor, super, ultra. A empresa conhecida no mundo inteiro transporta passageiros sem ter um único carro. Até parece invenção de brasileiro, mas não, é de um americano de São Francisco, que ganhou muito dinheiro com sua ideia.
Quando começou a operar no Brasil, tudo no Uber era “chique”. Os carros, os motoristas, o atendimento. Era a solução para os problemas do serviço de transporte de passageiros. A sua mobilidade estava na palma da mão. Hoje virou um muro de reclamações. A demora no atendimento, muitas vezes causada pelo trânsito caótico da cidade, é uma delas. Nas noites de Belo Horizonte, o usuário sofre para conseguir um carro. Nem sempre o serviço está disponível e o resultado é o sofrimento de olho na telinha. Virou um relaxamento total. Motoristas trabalham usando bermuda, camiseta e chinelos. Às vezes, a educação fica lá fora. Muita gente nota, logo ao entrar no carro, que o condutor resolveu atender a corrida naquele momento. O que antes era cordialidade, com oferecimento de água e balas, virou um drama. Parece que ele está sendo obrigado a levar o passageiro ao destino.
Recentemente, um jornalista da velha guarda acostumado a vivência da cidade, solicitou o serviço para uma corrida curta, para atender uma solicitação de sua mãe, uma pessoa idosa. Ao entrar no carro, solicitou ao motorista que baixasse um pouco a intensidade do ar-condicionado, pois estava bem gripado. Em um acesso de raiva, o motorista parou o carro e exigiu que ele saísse, cancelando a sua corrida. O condutor foi denunciado, mas, como reclamante, não recebeu nenhuma explicação da Uber.
Outro dia solicitei o serviço. Quando o carro chegou, o som estava tão alto que impediu que eu cumprimentasse o condutor. Para piorar, ainda tocava uma daquelas “sofrências” sertanejas, gritada pela dupla e com a terceira voz do motorista, como se estivesse em pleno palco em Barretos. Pedi educadamente para baixar o som. A contragosto ele me atendeu, olhou pelo retrovisor e perguntou se eu gostava. Com a minha negativa, desligou o som. Dei graças e só não sei se entendeu que meu ouvido não era penico. Esses deslizes no atendimento e na qualidade do veículo devem ser denunciados sempre, afinal, é um serviço caro. E mesmo que para alguns seja apenas um bico, para a maioria, é um ganha pão e também o sustento da família. Sabemos que o carro é do motorista, mas a intenção é nos sentirmos dentro do nosso próprio carro. Essa era a proposta inicial.
Pitaco: Neste domingo é dia de eleição. Não se esqueça do compromisso com a democracia. Vote e exerça o seu direito sagrado de escolher aquele que vai governar os destinos de nossa cidade. Sua zona eleitoral é a mesma do primeiro turno. Se tiver problemas na locomoção, chame um Uber. Eles funcionam de segunda a segunda, a qualquer hora.