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Taxação de produtos internacionais pode afetar o consumidor brasileiro

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Segundo uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), em parceria com o Instituto QualiBest, as recentes mudanças de tributação de compras internacionais podem impactar o comportamento dos consumidores brasileiros. Os dados apontam que 91% dos entrevistados estão cientes da taxação de compras internacionais. A maioria (85%) afirma que irá comprar menos produtos após essa mudança, frente ao que adquiriam antes.

O estudo mostra que, para 81% dos consumidores, o baixo preço é o principal motivo para compra de produtos em sites estrangeiros. A falta de itens similares no mercado nacional (30%) e a qualidade superior dos produtos estrangeiros (22%) são outros fatores citados na pesquisa. O gasto total médio realizado na aquisição de produtos internacionais nos últimos 12 meses foi de R$ 558, com 37% dos consumidores gastando até R$ 300.

O economista Paulo Álvares diz que a introdução da taxa já está gerando reações mistas entre os consumidores. “Alguns encaram como um incentivo positivo para impulsionar o mercado nacional e repensar o consumo, considerando a compra de roupas com maior valor agregado. Por outro lado, há preocupações de que a taxa possa ter um impacto desproporcional sobre as pessoas de baixa renda, que frequentemente optam por roupas mais baratas devido às suas limitações orçamentárias”.

Além disso, a maioria dos consumidores (93%) disse que gostaria de encontrar mais produtos internacionais em lojas virtuais e em marketplaces nacionais. O levantamento também aponta que 78% dos brasileiros estão satisfeitos com as compras on-line de produtos estrangeiros. Apenas 19% precisaram realizar a troca de produto após a aquisição.

Os dados destacam que o site chinês de vendas on-line Shopee é o preferido de 42% dos entrevistados. Em segundo lugar está a também chinesa Shein, com 18% da preferência, seguida do Aliexpress com 14%.

Álvares explica que se a taxa é aplicada de maneira que penalize produtos importados em comparação com os nacionais, ela pode ajudar a proteger e incentivar a produção local. “Isso pode ser especialmente benéfico para pequenas e médias empresas que enfrentam competição de grandes marcas internacionais. Ao aumentar o custo dos produtos importados, a taxa pode tornar os produtos fabricados localmente mais atraentes para os consumidores, potencialmente aumentando a demanda por produtos nacionais e fortalecendo a indústria local”.

“O aumento nos custos associados aos produtos importados pode incentivar os fabricantes locais a investirem em novas tecnologias e processos para melhorar a qualidade e a competitividade de seus produtos. Por fim, com o fortalecimento da indústria e comércio local, também se espera uma possível maior geração de empregos no setor”, completa.

Por outro lado, o economista ressalta que o aumento das taxas pode afetar desproporcionalmente os consumidores e levar a um desestímulo, impactando diretamente o bolso das famílias da classe C, que já têm um orçamento mais limitado geral ao consumo. “O comércio local também produz com insumos internacionais e comercializam bens importados, e há o risco de o consumidor pagar o preço no fim das contas”.

“Com o tempo, será crucial monitorar tanto as respostas dos consumidores quanto às implicações econômicas para avaliar se a taxa está atingindo seus objetivos e de que forma pode ser ajustada para equilibrar o impacto sobre todos os envolvidos”, conclui Álvares.

João Pereira, um estudante universitário, expressa sua frustração. “Com o orçamento apertado, cada real conta. A taxa faz com que até as roupas mais simples se tornem mais caras. Isso só piora a situação para quem já luta para encontrar roupas acessíveis”.