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Intenção de consumo das famílias alcança a primeira alta em 2024

Foto: Freepik.com

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) apresentou o primeiro resultado positivo, após quatro meses de queda, tendo aumento de 0,4% em abril, descontados os efeitos sazonais. O índice, apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), fechou o mês em 103,1 pontos, na zona de otimismo, em que permanece desde agosto de 2023. A variação anual é de alta de 6,1%.

Os subindicadores emprego, renda e nível de consumo atuais tiveram alta de 0,5%, 0,2% e 1,4%, respectivamente. No entanto, apenas os dois primeiros estão na zona de satisfação. A avaliação dos consumidores sobre o nível de consumo está em 88,8 pontos. Nos últimos 12 meses, o ponto mais alto deste subindicador foi 92,4 pontos em janeiro. A última vez que as famílias estiveram satisfeitas com seu consumo atual foi em janeiro de 2015, com 100,8 pontos.

O economista Gelton Pinto Coelho diz que a decisão de ampliar o auxílio emergencial no ano eleitoral começou a provocar uma mudança através do consumo das famílias beneficiadas. “Esse movimento se intensificou nos anos seguintes e foi gerando ganhos nos mais diversos setores. Apesar das tensões da polarização política, as pessoas vão percebendo melhora da renda e dos salários, fazendo surgir novas possibilidades de trabalho pelo aquecimento da economia”.

“Os programas de transferências de renda são um sucesso absoluto para a economia. A cada real transferido, R$ 1,78 são acrescidos no Produto Interno Bruto (PIB). Do ponto de vista das famílias, a propensão marginal a consumir é mais alta quanto menor a renda. Portanto, a cada transferência governamental, o valor vai direto para a alimentação. Isso é ótimo quando analisamos a melhora da segurança alimentar da população”, completa.

A avaliação sobre o acesso ao crédito ainda é negativa, com 94,1 pontos, mas houve aumento, em relação a março, de 0,9%. O único subindicador que diminuiu, no mês, foi o momento para compra de duráveis, que caiu 0,4% e é aquele com menor satisfação, na casa dos 67,1 pontos, mas está 20,3% acima do registrado no mesmo mês de 2023.

Inadimplência

De acordo com a CNC, o início de uma possível retomada da curva de crescimento da ICF como um todo é atribuído à redução das taxas de juros para as pessoas físicas, o que reflete na diminuição da inadimplência dos consumidores. Conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), também realizada pela instituição, 28,6% das famílias estavam inadimplentes em março, percentual menor do que há um ano.

Para Coelho, há erros de condução da política de juros. “Abaixou demais quando não deveria e depois subiu além da conta, gerando despesas desnecessárias, visto que cada ponto da taxa representa cerca de R$ 40 bilhões anuais. A oferta de crédito, portanto, está inadequada para o momento que o país vive, prejudicando uma retomada mais rápida e segura”.

“A concentração bancária impede melhor concorrência e isso se reflete nos juros que continuam muito altos. As ofertas, portanto, através de cartões de crédito e cheque especial, são impeditivas e geram endividamento que têm sido revertidos com a melhora do emprego e renda”, explica.

Otimismo

Sobre o futuro, os consumidores estão otimistas. A perspectiva profissional aumentou 0,2% em abril, com 114,6 pontos, e a expectativa de consumo para os próximos meses cresceu 1,4%, atingindo 106,7 pontos. “Há um clima favorável. As notícias mostram mais investimento das empresas, maior retomada do uso do orçamento público na construção de moradias populares e obras de infraestrutura. A redução no preço dos combustíveis permite o planejamento de viagens mais curtas e resulta no avanço das atividades de turismo”, conclui o economista.