A Páscoa está entre as melhores datas para o comércio varejista neste primeiro semestre. Com o avanço da vacinação contra a COVID-19, a celebração em 2022 será ainda mais doce. A expectativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é que as vendas do feriado movimentem R$ 2,160 bilhões. E, no caso específico dos chocolates, nada supera esse período, que, segundo grandes empresas do setor, chega a representar 20% do faturamento anual.
Com relação à geração de empregos, as contratações para a data tiveram início ainda no segundo semestre de 2021, conforme divulgou a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab). A Páscoa deste ano motivou a criação de cerca de 9 mil postos de trabalho temporários, tanto em fábricas quanto em pontos de venda.
Depois de 2 anos de restrições, o setor vem se recuperando dos efeitos causados pela pandemia. De acordo com dados da Abicab, a produção de chocolates cresceu 44% nos três primeiros trimestres de 2021, no comparativo com o mesmo período de 2020. Mas, em um cenário marcado pela inflação, queda na renda dos brasileiros e impactos econômicos da guerra na Ucrânia, o valor dos ovos de Páscoa pesa no bolso do consumidor.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), inflação oficial do país medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fechou em 10,06% no acumulado de 2021. Esse cenário econômico trouxe reflexos e fez o valor dos ovos de chocolate aumentar, em média, 15% em 2022. Produtos com personagens infantis chegaram a ter alta de 40% em relação ao ano passado.
Conforme explica o economista Ricardo Fonseca, as matérias-primas mais usadas na Páscoa tiveram aumentos. “O cacau, principal ingrediente do chocolate, subiu cerca de 8%. Já açúcares e derivados acumularam uma alta de 19,85%. Entre outros elementos que influenciam na formação do preço está a variação do dólar, contratações, distribuição e impostos. Também temos que considerar custos de embalagem, armazenagem e logística. Chamo atenção para o reajuste recente dos combustíveis, o que encarece o valor do frete”.
Oportunidade para empreendedores
A Páscoa também é uma excelente oportunidade de alavancar as vendas dos pequenos empresários. Muitos deles usam a criatividade para entregar aos consumidores produtos diferenciados e que vão muito além dos tradicionais ovos de chocolate.
Esse é o caso do confeiteiro Felipe Ribeiro, que lançou o ovo de pote. “É um copo de 500 gramas com casca de chocolate, brownie e dois tipos de recheio escolhidos pelo cliente. Cada unidade sai por R$ 14. Também vendemos muito o kit com mini ovos de colher. São três sabores diferentes e a caixa custa R$ 18. Em 2020, meu faturamento foi pífio. No ano seguinte deu uma melhorada, mas agora espero vender 20% a mais. Investimos nas nossas redes sociais e no serviço de delivery”.
A aposta da empresária Rose Campos são as barras de chocolate recheadas. “Elas são uma opção barata para quem deseja presentear e não quer comprar os tradicionais ovos de chocolate. Faço também a opção vegana, sem lactose e sem nenhum outro ingrediente de origem animal. Os preços variam entre R$ 14 e R$ 22. Tenho recebido encomendas desde o início do ano e estou a todo vapor na produção. Pretendo aumentar os lucros em pelo menos 15% nesta Páscoa”.