Em 2019, a política monetária brasileira passou por grandes mudanças. Por meio de cortes na taxa Selic, o governo buscou estimular o consumo para garantir a retomada da economia. Atualmente, a alíquota básica de juros no país é de 5,00% a.a. – mínima considerada histórica. Inúmeros analistas da área acreditam que essa taxa encerrará 2019 em 4,5% a.a.. Para o Comitê de Política Monetária (Copom), esse identificador continuará na casa dos 4,5% a.a. ao longo do próximo ano devido aos índices inflacionários estarem em níveis confortáveis e a expectativa de inflação – segundo o boletim Focus para 2020 – girar em torno de 3,6%.
A taxa de juros real da economia – percentual de juros nominal descontado da inflação – pode ficar em torno de 0,9% a.a. no ano que vem. Isso vai impactar direto nos investimentos neste final de 2019 e em 2020. “A queda dos juros e o fato de estarmos encerrando o ano com a Selic a 5%, talvez 4,5% fez com que o brasileiro se reinventasse na hora de investir. Por aqui, nos acostumamos a investimentos de renda fixa, poupança ou aplicações tradicionais dos bancos. Com a queda da Selic, isso também caiu. Antes os bancos rendiam de 10% a 12%, hoje está em torno de 5% e depende da instituição”, explica o economista da Monteverde Investimentos Augusto Luiz Pellicer.
Esse movimento de crédito barato na praça, incentiva o consumo e, por causa disso, o especialista aponta que o setor imobiliário é o melhor para se investir. “E é isso que o atual governo pretende com a política monetária para que a economia volte a girar. Quem tende a fazer isso mais rapidamente é o ramo imobiliário, o que torna o setor mais interessante para investimentos no ano que vem. Seja por ações das construtoras, fundos imobiliários, crédito privado ou em certificados de recebíveis imobiliários”.
Ele explica o destaque no segmento. “Ele tende a ser rápido na resposta da economia, a começar pelo consumo como um todo, por meio do varejo, empresas ligadas ao setor varejista e ao consumo. O mesmo serve para a expansão dos negócios e poder de compra do brasileiro”.
2020 positivo?
O economista afirma que o índice dos juros para o ano que vem tem deixado parte dos especialistas otimistas. “A XP investimentos está projetando 140 mil pontos para a Bovespa em 2020. O investidor que tem o perfil mais aberto ao risco vai conseguir ‘surfar’ nessa alta e, com isso, ter uma rentabilidade melhor do que teria, hoje em dia, na renda fixa”.
Ele adiciona que é preciso buscar novas alternativas para investir. “Para conseguir manter um valor real e interessante é necessário variar, inclusive, se tornar um pouco mais adepto a riscos. Com isso, as pessoas têm aprendido mais sobre corretora, crédito privado, ações, ramo imobiliário, etc”.
Como investir
Para quem ainda não tem o hábito de investir, o especialista informa que o essencial é estudar. “A pessoa precisa saber qual setor se enquadra melhor e o quanto ele está disposto, ou não, a correr riscos. Separar seu patrimônio em grupos também é importante e, a partir disso, manter o pensamento: esse montante é para riscos, esse outro é para emergência, esse é um valor para fácil acesso, etc. Essa diversificação é fundamental”.
É necessário reunir o máximo de informações possíveis. “Na internet é possível encontrar maneiras de aprender mais sobre formas de investir, mas, atualmente, há a possibilidade da pessoa encontrar uma equipe de assessoria de investimento que faz esse serviço”, conclui.