Em São Gonçalo do Rio Abaixo, na região Central de Minas Gerais, há mais de 10 anos, uma família produz banana chips, chamadas de “Bananinhas São Gabriel”, em homenagem à comunidade onde moram, e é a renda de todos os familiares. Atualmente, a fábrica produz 100 quilos do produto por dia, além de quantidade semelhante de chips de batata.
Ao todo, são cinco produtos no portfólio, que também tem os chips de banana madura, de batata doce e farofa de banana. Além da família toda trabalhando, são empregadas ainda duas funcionárias. A agroindústria é legalizada, com estrutura adequada para recebimento das matérias-primas, limpeza, processamento e embalagem. Apesar de boa parte do processo ainda ser bem artesanal, com corte manual da fruta, já estão equipados com maquinário como cortadeiras, fritadeiras e o misturador da farofa.
A ideia nasceu de Alan Diego, que é genro da dona Aparecida Geralda Ribeiro, que durante um jantar no refeitório da empresa em que trabalhava, comeu uma batata chips que o surpreendeu. Curioso, foi até a cozinha perguntar qual era o segredo para fazer aquele produto tão sequinho, crocante e saboroso. “Questionei para a moça como ela fritava, qual máquina usava para cortar. E ela disse que não tinha segredo nenhum, usava um ralador simples e colocava na gordura bem quente”, recorda.
Chegou em casa empolgado e confiante de que fazer chips para vender seria um bom negócio. Porém, na propriedade em que moram não tinha batatas, mas tinha bastante banana. A dona Aparecida produzia a fruta e fornecia para o Ceasa. “Apresentei para a minha sogra o ralador. A gente já tinha a plantação e sobravam muitas bananas, que não eram aceitas no mercado. Então, começamos a fritar em casa mesmo, apresentamos para os colegas e todos gostaram. Logo no começo vendemos tudo que produzimos para o supermercado da cidade”, conta Alan Diego.
Através da assistência técnica da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater), que dá suporte à família desde o início, o negócio prosperou e se transformou na principal fonte de renda. E dona Aparecida tem planos para crescer os negócios. “Em breve, a fábrica será transferida para um lugar maior, na região Central da cidade. Eu e minha família toda estamos muito felizes”.
Agroindústrias
Segundo um levantamento, foram identificadas 32.615 unidades de processamento de agroindústrias familiares no Estado, presentes em 737 municípios mineiros. Desse total, 98,1% são individuais. Ou seja, pertencem a uma única família. A produção delas foi superior a 148 mil toneladas. Os dados são referentes a 2023 e o estudo faz parte do Safra Agroindústria.
A assessora técnica da Emater-MG e coordenadora do levantamento, Laura Peres de Castro Penna, explica que o Safra Agroindústria é uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento econômico, social e ambiental do Estado. “Este sistema não apenas oferece uma visão detalhada e atualizada do setor, mas também facilita a implementação de políticas públicas mais eficazes e direcionadas, apoiando o crescimento e a sustentabilidade das agroindústrias familiares e de pequeno porte”.
Laura destaca que a instituição presta apoio aos agricultores e aos empreendimentos. “Realizamos assistência técnica em diversos aspectos, boas práticas agropecuárias e de fabricação, tecnologia de alimento, suporte de gestão, embalagem, rotulagem, entre outras ações. Também auxiliamos em todo o processo de habilitação sanitária junto aos órgãos de fiscalização. E o objetivo é garantir que os agricultores estejam preparados para entender o que é exigido pela legislação, fornecendo alimentos de qualidade ao mercado”.
Vendas
Com o intuito de ampliar o consumo dos produtos da agricultura familiar, a Emater lançou uma plataforma de vendas on-line, com uma ampla variedade de mercadorias do meio rural. Chamado de “É do Campo” (edocampo.com.br), o site reúne a produção de 76 agricultores mineiros. São aproximadamente 470 itens, entregues no endereço escolhido pelo comprador.
