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Uma nova República ou devolvemo-nos à Monarquia?

Pouco se comenta sobre o 2 de setembro de 1822. O príncipe regente do Reino do Brasil, que fazia parte do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, Dom Pedro de Alcântara, estava em viagem a São Paulo com um grupo de amigos, como o padre Belchior, pároco da Sétima Vila do Ouro (Pitangui), herói da Independência, a fim de angariar apoio às lideranças locais para a causa da emancipação.

Dante das ameaças das Cortes Portuguesas de conservar o Brasil como uma colônia, não respeitando sua soberania como nação, extinguindo tribunais e instituições, a esposa do príncipe real, dona Maria Leopoldina (1797/1826), nomeada por ele, no dia 13 de agosto daquele ano, chefe interina do governo brasileiro, e aconselhada pelo futuro “Patriarca da Independência”, José Bonifácio de Andrada e Silva, um dos maiores brasileiros, também herói da separação, convocou o Conselho de Estado e assinou o Decreto de Independência, que cortou de vez a ligação do Brasil com Portugal. (Já pensou fôssemos um Reino Unido até hoje, cada país com seus costumes e soberania?!)

A princesa regente, primeira mulher a governar o Brasil, enviou emissários a Sua Alteza Real para entregar em mãos as cartas ameaçadoras de Portugal, e escreveu sobre o risco de se ver por aqui um renovado jugo pelas Côrtes portuguesas: declararam ilegítima a Assembleia Constituinte brasileira e ilegítimo o governo do Príncipe Regente, e ordenaram que retornasse imediatamente a Portugal; e ainda a prisão de José Bonifácio e a punição dos envolvidos nas manifestações do Dia do Fico.

Além de enviar o Decreto que tinha acabado de assinar e as ameaças de além-mar, Leopoldina pediu a Dom Pedro que proclamasse a independência. Ele recebeu a carta no dia 7 de setembro.

A carta da princesa regente: “Pedro, o Brasil está como um vulcão. Até no paço há revolucionários. Até oficiais das tropas são revolucionários. As Cortes Portuguesas ordenam vossa partida imediata [para Portugal], ameaçam-vos e humilham-vos. O Conselho de Estado aconselha-vos para ficar. Meu coração de mulher e de esposa prevê desgraças, se partirmos agora para Lisboa. Sabemos bem o que tem sofrido nosso país. O rei e a rainha de Portugal não são mais reis, não governam mais, são governados pelo despotismo das Cortes que perseguem e humilham os soberanos a quem devem respeito. Chamberlain vos contará tudo o que sucede em Lisboa. O Brasil será em vossas mãos um grande país. O Brasil vos quer para seu monarca. Com o vosso apoio ou sem o vosso apoio ele fará a sua separação. O pomo está maduro, colhei-o já, senão apodrece. Ainda é tempo de ouvirdes o conselho de um sábio que conheceu todas as cortes da Europa, que, além de vosso ministro fiel, é o maior de vossos amigos. Ouvi o conselho de vosso ministro, se não quiserdes ouvir o de vossa amiga. Pedro, o momento é o mais importante de vossa vida. Já dissestes aqui o que ireis fazer em São Paulo. Fazei, pois. Tereis o apoio do Brasil inteiro e, contra a vontade do povo brasileiro, os soldados portugueses que aqui estão nada podem fazer”. Leopoldina.

Às margens do riacho Ipiranga, Dom Pedro levantou sua espada e gritou sem hesitar: “Independência ou Morte”!

A história do Brasil é muito bonita e precisamos respeitar nosso passado, tanto pelas glórias como pelos infortúnios, dos quais devemos tirar proveito. O país está atravessando uma fase sombria que o poderá levar a extremos ideológicos que nunca combinaram e tampouco combinarão com nossa índole, nossa tradição, nossos costumes e com um país-continente abençoado, que a mistura das gentes faz gigante em todos os aspectos. Precisamos de brasileiros como Pedro e Leopoldina! Viva a Imperatriz Leopoldina, a “Paladina da Independência”!