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65% da população LGBTQIA+ teme andar de mãos dadas por violência

Foto: Freepik.com

Um relatório da Opinion Box revelou que 65% das pessoas LGBTQIA+ têm medo de andar na rua de mãos dadas com o parceiro por causa da violência contra essa população no Brasil. A pesquisa entrevistou 371 pessoas que se identificam com o grupo em maio, em alusão ao mês do Orgulho, comemorado em junho. Além da apreensão em demonstrar carinho, como andar de mãos dadas, em ambientes públicos, 63% dos entrevistados disseram que não frequentam determinados locais para evitar agressões. E até 53% concordam que o Brasil é um país homofóbico.

Entre os entrevistados, 45% relataram que já sofreram algum tipo de agressão verbal por causa da sexualidade. Entre esses, a maioria dos casos (50%) foi na rua ou outro local público. Outros 28% disseram passar pelo constrangimento na escola ou universidade e 20% na casa de familiares. Pelo menos 27% dos participantes disseram já ter sofrido alguma agressão física. Nesse recorte, 39% das ofensivas foram em locais públicos e 20% em festas ou eventos. No âmbito familiar, 15% relataram alguma violência na própria casa.

Cada pessoa e família lida com essas questões da sua própria forma, e nem sempre é um assunto fácil. Quando perguntados se os familiares sabem da sua orientação sexual e/ou identidade de gênero, 47% dos entrevistados disseram que todos sabem, 34% responderam que alguns sabem e 16% afirmaram que ninguém sabe. Dentro da amostra dos que disseram que a família não sabe, 51% não pretendem contar e 36% irão contar, mas não sabem quando.

Ao analisar os motivos, 30% têm medo da família não apoiar, 27% possuem medo de sofrer violência ou discriminação e 22% sentem que a religião dos parentes não deixaria que eles aceitassem. O que a pesquisa mostra é que ainda existe bastante rejeição das famílias na hora da aceitação. Mais de 40% das pessoas entrevistadas contaram que os familiares reagiram mal à notícia, ainda que, hoje, 33% destas lidem bem com a orientação/identidade.

O gerente de marketing e ativista do movimento, Luciano Costa, afirma que houve muitos avanços, mas ainda há muito a ser feito para proteger quem é vítima de preconceito, de assédio e de agressões em razão da orientação sexual ou identidade de gênero. “É importante punir quem comete crimes de intolerância contra a comunidade, fortalecer a legislação sobre direitos LGBTQIA+, fornecer ambientes escolares seguros em todo o país para que os alunos sejam protegidos da discriminação e da violência e aumentar os programas de diversidade e conscientização nas escolas”.

Para ele, “é necessário que os ideais de luta do mês do Orgulho se estendam por todo o ano e sirva não apenas para nortear estratégias de marketing e negócios, mas também para espalhar a importância de respeitar, acolher e garantir direitos da comunidade no Brasil”, afirma.

Orgulho

De forma geral, 63% das pessoas LGBTQIA+ entrevistadas dizem sentir orgulho da própria identidade de gênero e/ou orientação sexual. O cenário muda significativamente entre os mais jovens. 74% das pessoas de 16 a 29 anos sentem orgulho de ser LGBTQIA+. Na faixa etária de 30 a 49 anos, o orgulho é sentido por 60%. Já para quem tem 50 anos ou mais, o percentual é de 43%.

O dossiê divulgado no site do Observatório de Mortes e Violências contra LBGTQIA+ no Brasil aponta que, somente em 2022, foram 273 mortes de forma violenta no país. O índice equivale a uma pessoa morta a cada 32 horas. A grande maioria (159) eram travestis e transsexuais, seguido de homens gays (96). Em 228 casos, a causa da morte foi assassinato.