Depois de um ano e meio em isolamento, com a finalidade de conter os números da pandemia, agora, os brasileiros continuam em alerta devido a outras crises, também de dimensões nacionais, como as tensões hídrica e energética. E isso, indubitavelmente, tem impacto direto na vida de todos, especialmente junto à população mais pobre.
A falta de chuva reduz a safra advinda dos meios rurais, contribuindo para escassez de produtos nos supermercados. Estes, por sua vez, vendem alimentos por preços exorbitantes, inclusive no que diz respeito à cesta básica, cujos produtos de primeira necessidade estão sendo comercializados por valores elevados em todo o Brasil. Isso tem dificultado a rotina de quem recebe uma renda mínima e se vê obrigado a usar grande parte dos recursos para se alimentar.
Relativamente à crise de energia, ela está, literalmente, escurecendo a vida dos ricos e pobres. As indústrias, diante da bandeira vermelha, tiveram de fazer um provisionamento financeiro à altura da demanda para poder quitar as contas. E esse valor pago pelo setor produtivo é, sem a menor cerimônia, repassado aos alimentos e demais artigos disponíveis nas gôndolas, criando um problema em cadeia.
No bojo desses acontecimentos, o cenário vai se complicando diante do aumento inflacionário. Por certo, vem daí o roteiro que culmina no endividamento das famílias. O economista e professor de comércio exterior, Leandro Diniz, diz que isso se deve à redução da capacidade de pagamento por causa de uma renda que é comida pela inflação.
Os especialistas cumprem sua parte ao alertarem que este ano está perdido do ponto de vista do crescimento econômico. O nível de desemprego é assustador e aliado à falta de esperança de muitos setores produtivos e empreendedores, as incertezas aumentam. Para eles, o impacto no bolso das pessoas tem início com o descontrole de preços de produtos e serviços relacionados aos governos federal e estadual, começando pelo combustível, energia e água.
Diante dessa realidade, o governo Bolsonaro não tem encontrado solução plausível a não ser gastar muito dinheiro para a manutenção de uma série de benefícios sociais, mas, pelo visto, tem ficado cada vez mais distante de resolver a demanda, segundo avalia Diniz. Até porque, na opinião dele, essas ajudas são importantes, entretanto, naturalmente, insuficientes para minimizar a necessidade das famílias, especialmente as mais vulneráveis.
Ao que tudo indica, o jeito vai ser o brasileiro respirar, buscar resolver o que dá em curto prazo e aguardar as cenas dos próximos capítulos desta novela que já dura quase 2 anos.