As micro e pequenas empresas (MPE) foram responsáveis por 75% do total de empregos formais registrados em janeiro de 2021 no país. A modalidade criou aproximadamente 195,6 mil vagas do montante de 260.353. O saldo representa quase o dobro do número de ocupações criadas pelo segmento no mesmo mês do ano passado, no qual cerca de 103,9 mil pessoas foram contratadas formalmente. As informações são do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com base nas estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Em comparação com os últimos 6 meses, os pequenos negócios apresentaram um saldo total de 1,1 milhão de novos empregos contra 385,5 mil postos de trabalho criados pelas médias e grandes empresas (MGE). Os setores que mais contrataram, tanto nas MPE quanto nas MGE, foram serviços, indústria de transformação e construção. Já no ramo de comércio houve uma diferença significativa. Enquanto os pequenos negócios apresentaram resultado positivo de 27,4 mil, as médias e grandes empresas tiveram um saldo negativo de 21,3 mil vagas.
É válido ressaltar que os dados são reflexos do cenário da pandemia em janeiro, mês em que as medidas de contenção da COVID-19 impostas ao comércio eram menos restritivas que o atual momento. “Quando observamos a evolução do resultado gerado pelas MPE ao longo de 2020, vemos que as informações refletem exatamente aquele momento pandêmico. Nos meses de março, abril e maio, onde o funcionamento das atividades estava limitado, o resultado foi bastante negativo. Em meses posteriores, com a retomada das atividades, as empresas voltaram a contratar mais do que demitiram. As MPE são muito sensíveis ao cenário econômico e reagem rapidamente a ele, portanto, com um novo movimento de fechamento da economia, é esperado que vejamos impactos negativos no mercado de trabalho, principalmente se a duração for longa”, avalia a analista do Sebrae Minas, Gabriela Martinez.
Dono de quatro unidades de uma franquia de depilação a laser, com faturamento de até R$ 500 mil anualmente, o belo-horizontino Cristiano Araújo, 41, foi um dos empresários que aumentou sua equipe. “Quando pudemos voltar a funcionar, tivemos uma demanda grande. Os pequenos profissionais autônomos que trabalhavam com depilação quebraram e havia muitos clientes que estavam no meio do processo e que buscavam uma empresa mais sólida para continuar o tratamento. Por sermos uma franquia internacional, recebemos muitos deles desamparados”, explica o gestor que contratou quatro funcionárias em janeiro deste ano.
Araújo conta que, apesar de um 2020 difícil, as reservas financeiras e o fluxo de caixa garantiram a sobrevivência da empresa na pandemia e já enxerga os próximos anos com otimismo. “O que me motivou foi a expectativa de aquecimento do mercado. As contratações ocorreram antes dessa segunda onda, mas nós percebemos que, no período em que podemos funcionar, a demanda está mais alta. As minhas projeções com a vacina são grandes, tenho certeza que, em breve, poderemos trabalhar e atender nossos clientes normalmente. Nós já temos muitos ativos em tratamentos contínuos. Penso que 2021 ainda será um ano de muita cautela, tenho pé no chão para segurar esse ano, mas em 2022 acredito que o crescimento da economia será muito forte”, afirma.
A pesquisa ainda divulgou os estados que, proporcionalmente, mais geraram empregos: Mato Grosso, Goiás, Santa Catarina, Roraima e Rio Grande do Norte. Já São Paulo, Minas Gerais, Amapá, Rondônia, Rio de Janeiro e Amazonas foram os que menos contrataram.
Na avaliação de Gabriela, é preciso um apoio maior aos pequenos negócios. “Em Minas, as MPE geraram 16.832 vagas em janeiro, correspondendo a 65,7% dos postos criados no mês, que totalizaram 25.617. As MPE são bastante sensíveis ao que acontece na economia. Elas são as primeiras a demitir caso o cenário seja ruim, mas reagem rapidamente quando as condições melhoram. No entanto, não costumam ter uma reserva de emergência muito grande, ou seja, caso o período de crise seja muito longo, fica mais difícil delas se manterem. Portanto, para garantir sua sobrevivência, é preciso criar medidas que facilitem o seu acesso ao crédito, como o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe)”, finaliza.