Apesar de estarmos no século XXI, as mulheres ainda não são vistas da mesma forma que homens, principalmente, quando o assunto é mercado de trabalho. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desemprego entre as mulheres cresceu 70% nos últimos 4 anos, mesmo elas tendo maior escolaridade se compararmos as pessoas que têm 25 anos ou mais, com ensino superior completo. Em 2016, as mulheres somavam 23,5% e os homens 20,7%.
E as diferenças não param por aí: ainda de acordo com dados do IBGE, o rendimento mensal feminino é de R$ 1.764 e o masculino é R$ 2.306, ou seja, 23,5% a menos. “Isso acontece porque os donos de empresas ainda têm uma visão machista e preferem, no momento de crise, manter os homens e dispensar as mulheres, pois acreditam que eles fazem mais horas extras, tem mais ambição e se dedicam mais ao trabalho”, comenta Wagner Prado, sócio de uma empresa especializada soluções para carreiras.
Outro fator destacado por Prado é em relação ao risco relacionado ao gênero. “As mulheres ainda são vistas como donas de casa, que sempre priorizarão os filhos em detrimento ao trabalho. Além disso, tem o risco de gravidez e elas cuidam mais da saúde, o que também gera um ônus para empresa, seja por faltar para ir ao médico ou até por gastar mais do plano de saúde”.
A questão da diferença salarial também é apontada pelo especialista como um equívoco. “O ideal seria as empresas fazerem uma média de quanto essa mulher pode gerar a mais de despesas e dividir igualmente entre elas e os homens. E é bom destacar também que a diversidade dentro do ambiente de trabalho é importante, não só de gênero como também de etnia e religião, porque isso aumenta a produtividade. Um ambiente em que todo mundo pensa da mesma maneira, acaba-se perdendo a criatividade e deixa de entender determinados segmentos da sociedade”.
Uma das mulheres que sentiu esse tipo de preconceito foi a professora Natália Couy. Há um ano, ela foi indicada para um cargo no qual atendia todos os pré-requisitos. “Sabia prestar o serviço, conhecia a equipe e os procedimentos. A vaga era de chefia e, inclusive, a equipe me apoiou, pois, o departamento estava sem chefe há algum tempo. Fui entrevistada e tive que ouvir da responsável pela vaga que não poderia ser contratada, porque o ambiente era predominantemente masculino e uma mulher não era capaz de assumir o lugar com determinação. Após todo o processo, um homem foi contratado”.
Natália relata que o ocorrido a deixou mal. “Tentei ocupar o cargo, porque acreditava naquele projeto. Infelizmente, percebi que a vocação não era importante para o local”.
Postura no mercado
A especialista em Recursos Humanos Micheline Carvalho reafirma que a preferência por manter ou contratar um homem é uma decisão machista das empresas. “Infelizmente isso é algo cultural. As condições de trabalho vem melhorando ao longo dos anos e as mulheres estão conseguindo um bom posicionamento no mercado, porém, ainda existe muito machismo e temos uma briga longa pela frente”.
Ela diz que uma forma de tentar diminuir a diferença em relação aos homens são as mulheres continuarem se qualificando ainda mais. “O que podemos fazer é o que já tem sido feito ao longo das últimas décadas: nos preparando e qualificando para brigarmos, não digo que ainda em pé de igualdade, mas estar a frente. Se a mulher tem um MBA, busque uma qualificação maior. Além disso, também é importante que elas se apresentem confiantes para conseguirem o que elas querem”, finaliza.
[box title=”Exemplo da Pepsico: ” border_width=”3″ border_color=”#000000″ border_style=”solid” align=”left” text_color=”#000000″]Pensando justamente na reinserção das mães no mercado de trabalho, em junho, a Pepsico lançou um programa para contratar mulheres que não trabalham há 2 anos ou mais. Ready to Return foi lançado nos Estados Unidos, em 2017, chega ao Brasil pela primeira vez neste ano. Os empregos serão nos setores de RH, Finanças, Operações e Vendas, para posições de liderança.[/box]