Faltando menos de 2 meses para as festas de final de ano, os micro e pequenos empresários brasileiros do setor de varejo e serviços já demonstram otimismo com a data. É o que revela uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Os dados mostram que entre setembro de 2016 e setembro deste ano, a intenção de fazer algum investimento no próprio negócio nos próximos 3 meses subiu de 19% para 27%. A maioria dos empresários planejam a ampliação dos estoques e são motivados pela expectativa de aumento nas vendas.
Colaborando com esse cenário positivo, um levantamento mais recente da Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo (CNC), aponta que a Intenção de Consumo das Famílias teve um crescimento de 1,4% na passagem de setembro para outubro deste ano. “Os sinais de regeneração do mercado de trabalho deverão contribuir para elevar o grau de confiança dos consumidores nos próximos meses, dando sustentabilidade ao ritmo de crescimento das vendas”, afirma a assistente econômica da CNC, Juliana Serapio.
Finalidade do investimento
Ampliação do estoque | 32,7% |
Mídia / Propaganda | 22,9% |
Reforma da empresa | 22,9% |
Compra de equipamentos, maquinário, computadores e etc. | 19,6% |
Fonte: SPC Brasil/CNDL
Para o casal de empresários Cintia Vidal e Helio Zechini, proprietários de uma padaria artesanal, o investimento nesse fim de ano é garantido. “Pretendemos aumentar em 30% nossa produção para dezembro e trazer uma linha especial de produtos para o Natal. Já em relação ao faturamento é difícil prever devido as ações de ampliação de público e vendas que iremos executar. Mas acredito que sejam maiores que o ano passado devido a própria confiança que as pessoas estão tendo no mercado”, explica Helio.
A empresa já existe há 5 anos e tem o objetivo de resgatar a cultura da panificação artesanal sem conservantes. Ao longo desse tempo, Helio diz que sempre buscou a melhoria do negócio, seja em estruturação física, marketing ou em publicidade e propaganda. “Investimos em capacitação pessoal, tanto nossa quanto da equipe, ampliação da cozinha onde todos os produtos da empresa são produzidos, além de melhoramentos de processos e aperfeiçoamentos contínuos”.
Eliane Mendes é dona de uma loja de roupas. Ela afirma que as vendas disparam nos últimos 2 meses. “Ano passado cheguei a vender 25% a mais em novembro e dezembro. Para 2017, espero um aumento de cerca de 35%”. O negócio possui três lojas e é especializado em vestuário masculino. Segundo Eliane, existe uma grande expectativa de crescimento nas vendas neste final de ano. “Para dar conta da demanda, contratamos mais três funcionários que estão na fábrica para que a gente tenha um bom estoque e também pretendemos contratar pelo menos mais dois vendedores”.
O analista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Minas Gerais (Sebrae MG), Bismarck Esteves, avalia que é sempre esperado um incremento nas vendas neste período, por isso as micro e pequenas empresas acabam tendo interesse em fazer investimento em estoque. Mas ele alerta que isso deve ser feito de uma forma bem planejada. “É preciso um nível de gestão transparente e segurança dos seus dados, informações de custos e formação do preço de venda, para que ele possa fazer corretamente esse investimento”.
Ainda de acordo com o analista, o empresário deve saber fazer a aquisição de mercadoria. “Se ele tiver habilidade para comprar com uma boa negociação e com recursos próprios, já está em vantagem na hora da formação do preço de venda competitivo. Hoje em dia é muito comum empresas fazerem compras coletivas para baratear o preço”.
Para Esteves, o estoque é um arquivo morto, pois já foi feita a troca do dinheiro pela mercadoria. Nesse sentido é essencial dimensionar corretamente o que se espera vender em termo de volume, preço e produtos. “A partir desse mix alinhado com seu público alvo, é possível fazer uma aquisição na quantidade certa, porque depois de 31 de dezembro teremos outra situação, onde os consumidores vão inibir a compra”, finaliza.
São consideradas microempresas aquelas com até 9 funcionários | Pequenas empresas são aquelas com 10 a 49 empregados |
Fonte: Sebrae/Dieese