O número de brasileiros diagnosticados com diabetes cresceu 61,8% na última década. Dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) divulgada pelo Ministério Público, apontam que cerca de 5,5% da população possuía a doença em 2006. Já no ano passado, esse número subiu para 8,9%. E as mulheres são as que mais sofrem com o problema. O grupo passou de 6,3% para 9,9% nesse mesmo período, contra 4,6% e 7,8% registrados entre os homens.
A diabetes tipo 2 é a mais comum entre a população. Ela pode, inclusive, afetar as mulheres durante a gravidez, se tornando gestacional. Estima-se que 4% das gestantes são acometidas pelo problema. O ginecologista e obstetra Élvio Floresti Junior explica que não se sabe o motivo da doença atingir as grávidas, mas lista os fatores que são considerados de risco: “Estar acima do peso, ter mais de 35 anos e fumar podem agravar as chances de ter alteração em sua glicemia”.
Ele esclarece que o problema chega quando há uma falha na produção de insulina do organismo. “Isso pode acontecer, principalmente, na segunda metade da gestação. Toda mulher, ao engravidar, deve controlar sua glicemia. Quando ela é diagnosticada com o problema é preciso monitorar o mais rápido possível para que não afete a saúde dela e do bebê”.
O ginecologista afirma ainda que a mãe pode ter pré-eclâmpsia, aumento na pressão, retenção de líquido, além de ganho de peso. “A diabetes eleva a incidência de a mulher ter cesárea, pois o bebê cresce muito e isso dificulta o parto normal. A glicose passa para a criança por meio da placenta. Então, se houver uma quantidade maior de açúcar na mãe, vai ter no bebê também. Quando ele nascer, corre mais risco de ter hipoglicemia, problema de tireóide e, no pior dos casos, pode ir a óbito”.
Para o especialista, uma mudança de hábitos é essencial para resguardar a saúde da mulher e evitar o problema. “Quando se tem diabetes, você não metaboliza direito os carboidratos, um exemplo, o doce. Todas as gestantes adoram, mas o ideal é que ela faça uma dieta com menos carboidrato, mais proteína e verdura. A dieta é importante para controlar e evitar a diabetes gestacional”.
O ginecologista acrescenta que o problema é controlado durante a gestação e, após o nascimento do bebê, a glicemia se estabiliza novamente. A mulher precisa ficar atenta, pois a patologia pode voltar em uma outra gestação. Além disso, aumenta as chances de desenvolver a diabetes comum no futuro”.
Em sua segunda gravidez, a vendedora Flávia Sá, 40, foi acometida pela diabetes gestacional. “Descobri no terceiro semestre de gestação durante os exames do pré-natal. Eu não sentia nada, então a rotina de ir ao médico foi essencial para saber do problema. Não precisei usar insulina, apenas tive que reeducar minha dieta, tirei todo o açúcar e consegui, no fim da gestação, controlar minha glicemia”.
Flávia acrescenta que, após o nascimento de sua filha, ela continuou com o controle. “Ficamos um dia a mais no hospital para medir a glicose dela, que estava normal. Eu continuei medindo em casa por 3 meses e ficou tudo bem”.
Por fim, ela faz um desabafo. “Quando tive a diabetes gestacional, percebi a dificuldade das pessoas que vivem com ela. Além da alimentação restrita, as tiras para a medição da glicose são caras e é preciso usá-las três vezes ao dia. Nem sempre o posto de saúde tem para fornecer, por isso eu me cuido para que problema não volte”.
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