Aprender novas línguas, estudar em países de primeiro mundo, conhecer novas culturas e pessoas. Essas são algumas das vantagens de se fazer um intercâmbio. Em 2014 – último balanço realizado sobre o assunto, 230 mil brasileiros saíram do país para estudar. Esse número, de acordo com Associação Brasileira de Organizadores de Viagens Educacionais e Culturais (Belta, na sigla em inglês), tende a aumentar 20% ao ano.
De acordo com a diretora da LAE Educação Internacional, Débora Machado, o destino da viagem varia de acordo com o tempo em que a pessoa vai ficar fora. “Quando o estudante deseja fazer um curso de pequena duração, geralmente, ele opta pelos Estados Unidos ou Europa. Mas, hoje, em função da alta do dólar americano, o Canadá tem sido a primeira opção. Já para cursos de longo prazo, as pessoas costumam optar por lugares mais longes, como Nova Zelândia e Austrália”.
Débora aponta que os programas de intercâmbio atendem a todas as idades e necessidades. “Nós trabalhamos com high school, que são os adolescentes entre 15 e 16 anos. Adultos entre 25 até 45 e também temos o intercâmbio para maiores de 50 anos, cujo período é menor. Na maioria das vezes, a pessoa vai para aprender o idioma local e, dependendo da idade, fica no país para um mestrado ou doutorado”.
O local onde a pessoa ficará hospedada, durante sua temporada fora do país, vai depender de vários fatores, é o que informa a diretora. “Se ela tem menos de 18 anos tem que ficar em casa de família e a escola nomeia um guardião. Já os maiores de idade podem optar por ficar em hotéis, alugar apartamento ou, até mesmo, uma locação estudantil. Em alguns países, a pessoa precisa confirmar o endereço da sua nova moradia antes de viajar”.
Hora de aproveitar
Débora destaca a importância de se viver a experiência do intercâmbio. “A pessoa, após passar uma temporada fora, se torna mais autoconfiante, disposta, assertiva ao tomar uma decisão e não tem medo de aceitar desafios. Além disso, a qualidade de ensino do exterior é muito boa. E o estudante tem o benefício de fazer o curso em universidades mais bem estruturadas das que temos aqui”.
Ela ressalta que não existe um motivo que impeça a pessoa de estudar em outro país e que mesmo com todas as ameaças que o presidente dos EUA, Donald Trump, tem feito aos imigrantes, a procura ainda é grande. “Há fatores que dificultam a ida da pessoa, por exemplo, se ela já foi deportada. Mas, com o tempo, nossos objetivos mudam e isso é levado em consideração. Em relação aos EUA, ainda não foi percebido uma reação negativa do governo na aceitação dos vistos. As embaixadas têm sido mais exigentes em relação a documentação, muito mais pela crise econômica brasileira, porque ela faz com que a imigração aumente. Além disso, algumas pessoas tem dúvidas, pois existe uma incerteza em relação ao futuro do país, com base na maneira em que ele está sendo governado”.
Pelo mundo
Aprender inglês e fazer parte de uma outra cultura foi o que fez a administradora Luiza Zuin buscar meios para ir para o exterior. Ela está de malas prontas com destino a Houston, no Texas. “Vou trabalhar como Camp Counselor durante o verão americano, cerca de 3 meses, e depois vou fazer uma viagem de um mês para conhecer o país. Eu espero que essa experiência seja maravilhosa e dê uma guinada na minha carreira quando eu voltar”.
Luiza conta que sempre quis ficar um tempo fora do país e, por isso, se sente pronta para a viagem. “Eu tenho um pouco de receio pela língua, não sou fluente, então entendo que isso será um desafio. Contudo, tenho noção que o idioma é primordial para um bom emprego aqui, então vou aproveitar a oportunidade”.
O frio na barriga e a ansiedade para viajar já são comuns na vida da nutricionista Bárbara Rodrigues. Natural de BH, ela fez faculdade em São Paulo, missões no Egito, cursos no Chipre e, agora, faz sua pós-graduação na Turquia.
Bárbara conta que o primeiro desafio é a língua. “Quando vim para Turquia, eu sabia falar apenas português e inglês. Isso me salva em algumas vezes, mas, há situações em que eu preciso falar turco, apesar de ainda está aprendendo”.
A nutricionista diz que, em um intercâmbio, você se depara com pessoas de diversos níveis, além de uma cultura completamente diferente da sua. “Gente que já domina a língua local e que tem conhecimentos diferentes do seu”. Outros pontos destacados por Bárbara se referem à alimentação e hábitos de cada lugar. “Por exemplo, na Turquia, quando você não quer comer algo, não se pode dizer ‘não quero’. Isso é extremamente ofensivo para eles. Algumas costumes brasileiros podem ser interpretados de forma diferente, então você tem que se adequar”.
Ela afirma que teve que desapegar de muitas coisas no Brasil. “Não tem como ter tudo que a gente quer ao mesmo tempo. Ainda existe algo que me liga ao meu país, que é a minha família e esse laço é muito forte.”.
Bárbara explica que poderia estudar no Brasil, mas quis viver essa experiência, porque isso a fez crescer e aprender coisas novas. “Temos que aproveitar o hoje, e entender isso foi um divisor de águas na minha vida. Comecei a usufruir das oportunidades e saí da minha zona de conforto. Sou grata por tudo que tenho vivido aqui, mesmo estando longe das pessoas que mais amo. Com o meu intercâmbio, aprendi que a vida é um constante aprendizado e eu estou apenas no começo”, conclui.