Os governantes ficam atônitos quando discutem temas complexos, como o abandono escolar, cujo assunto terminou sendo pauta de um recente debate entre os dois candidatos à presidência da República, Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT), na semana anterior. Supostamente não se sabe como contornar os males ocasionados no período dos dois longos anos de pandemia da COVID-19. Em verdade, a alfabetização de crianças, especialmente as de origem mais humilde, ficou prejudicada por conta da falta de acesso à internet, consequentemente, não se concebeu meio algum capaz de possibilitar o acompanhamento das aulas nesses 24 meses de dificuldades. Essa turma se viu ainda mais excluída do ensino formal, até porque, não havia a mínima condição da meninada participar do processo on-line, pelos motivos em epígrafe.
O abandono e a evasão escolar passaram a ser, no Brasil, uma fonte de preocupação, cujo desafio é recuperar o tempo perdido. O assunto é sério e não deve e nem pode ser tratado com superficialidade. Está em jogo o futuro de milhares de brasileirinhos, enfim, uma geração inteira.
A taxa de abandono escolar foi, aqui no Edição do Brasil, debatida na semana passada com o coordenador de políticas educacionais do Todos Pela Educação, Ivan Gontijo. Entre suas várias sugestões para encurtar esse fosso, ele recomenda os programas de busca ativa, ou seja, fazer o acompanhamento de crianças e adolescentes que estão fora da escola e tentar trazê-las de volta à instituição. O especialista entende ser necessário evitar o abandono propriamente dito, através de medidas importantes, como o monitoramento constante da frequência, concessão de bolsas de estudo, principalmente para os mais vulneráveis e de baixa renda.
Em sua avaliação, isso serve como um incentivo para que eles permaneçam na escola. Para culminar com essas ações básicas, propõe que haja matérias básicas mais bem estruturadas e adequadas para a realidade da sala de aula, incluindo o reforço e recuperação de conteúdo. Segundo pontua o entrevistado, as escolas em tempo integral também podem ser uma saída para frear essa “crise momentânea”. Ele considera a medida importante, não apenas para melhorar os indicadores de desistência, mas também os índices de aprendizagem.
E para concluir, Gontijo lembra que todos os dados mostram que as taxas de abandono e evasão nas instituições de tempo integral são inferiores às aulas regulares, pois a proposta pedagógica é diferenciada, com disciplinas eletivas, destaque ao protagonismo do jovem, aulas em laboratórios, infraestrutura melhor e professores com dedicação exclusiva. Assim, a escola em tempo integral é fundamental para o Brasil e para melhorar os números do abandono.
Para levar a efeito essa tese, carecemos de mais atenção ao setor educacional no Brasil. Agora, se trata apenas de um convencimento dos governantes, com a argumentação de que para desenvolver o país é necessário investir e, prioritariamente, no segmento do ensino. Esse é o mesmo caminho trilhado por outros países que colhem os resultados de nações desenvolvidas nos dias atuais, exatamente por encontrarem nesse nicho o preceito ideal sob todos os aspectos. Nada de discriminação de classes sociais, já que apenas os filhos de ricos não padecem deste tipo de problema. Afinal, o dinheiro público tem a finalidade de financiar os programas mais emergentes de seus povos.