Além de nos proteger do contágio da COVID-19, o isolamento social trouxe outro ponto positivo: em todo o mundo, os índices de poluição caíram drasticamente. Nas principais capitais brasileiras, imagens de satélite do Instituto Real de Meteorologia dos Países Baixos (KNMI) mostram sinais de redução de 33% nos níveis de dióxido de nitrogênio (NO2), poluente associado à queima de diesel por veículos e à produção industrial.
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) observou uma diminuição de cerca de 50% de poluentes primários como o monóxido de carbono (CO) e os óxidos de nitrogênio (NOx), além diminuição de cerca de 30% de material particulado inalável proveniente da frota de veículos.
O ambientalista Alessandro Azzoni lista os fatores que contribuem para esse cenário. “Estudos indicam que carros e motos são os maiores responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa (GEE), e eles são vilões do aquecimento global.
Com o isolamento social, o índice de congestionamento chegou a zero em determinados dias e não ultrapassando os dois dígitos, com isso os grandes emissores de poluentes ficaram fora das vias das cidades”
Ele destaca que no ritmo de baixa produtividade industrial, principalmente das indústrias americanas e a redução da frota mundial nas grandes metrópoles podem fazer com que o Dia da Sobrecarga da Terra seja adiado este ano. “Nos últimos anos tivemos a antecipação desse dia. Em 1993, ocorreu em 21 de outubro. Em 2017, em 2 de agosto. No ano passado, em 29 de julho já havíamos gastado todos os recursos do planeta”.
O especialista acrescenta que além desse retardo, a diminuição da poluição veio na melhor hora, até mesmo para o auxílio da cura da COVID-19. “A redução de poluentes, principalmente de NO2, dióxido de nitrogênio, é muito positiva, pois essa substância causa inflamação significativa das vias aéreas e, como sabemos, em casos mais graves, o coronavírus causa falência pulmonar, o que traz falta de ar. As doenças pulmonares por emissões de poluentes podem ter sido suavizadas com o isolamento social e, com isso, refletirem positivamente na redução de casos graves”.
Azzoni acrescenta que a diminuição do uso dos veículos poderia se tornar um hábito pós-pandemia. “Por exemplo, optar pelos ônibus coletivos pode ser uma saída mais eficiente de deslocamento, não só pela questão da poluição, mas também pelo custo do combustível e dos estacionamentos”.