Reza a lenda que, mesmo tendo nascido pobres, os gatos já vieram ao mundo livres. Contudo, uma pesquisa feita pelo Instituto Pet Brasil (IPB) revelou que o número de felinos domesticados tem crescido no país. Os dados apontaram que, entre 2013 e 2018, houve um crescimento de 8,1% na quantidade de gatos em lares brasileiros, enquanto que o índice de cachorros ficou em 3,8%, menos da metade. Estima-se que até 2022 haverá um felino para cada cachorro no país.
Para a veterinária Gabriela Fernandes, o aumento de gatos nas casas se deve a uma série de fatores. “O principal deles foi o fato de que muitos mitos que giravam em torno deste animal foram quebrados”.
A mudança no perfil dos tutores também é outra questão relevante. “As pessoas estão trabalhando mais e, consequentemente, ficam mais tempo fora de casa. Além disso, os imóveis estão cada vez menores e, por isso, as pessoas optam por um bicho que seja mais independente”.
Foi exatamente o que fez a fotógrafa Adrielle Ribeiro. Ela já teve três cachorros, mas, há 3 anos, adotou uma gatinha. “A minha é extremamente companheira, mas também é independente e higiênica, respeitando mais o meu espaço”.
Essa independência também foi notada pela estudante de contabilidade Karine Kelly. Na sua casa tem três cachorros e sua mãe encontrou um filhote de gato na rua a pouco tempo. “Ela trouxe aqui pra casa e cuidamos até acharmos um adotante. Quando ele foi embora, decidimos procurar um para nós”.
Depois da experiência, vieram mais quatro gatos e a família segue encantada com a diferença entre as duas espécies. “Os nossos cachorros são mais carentes e dependentes, já os gatos são mais desapegados e só se aproximam quando querem”.
Financeiramente falando, Karine também notou diferença. “Os produtos, ração e brinquedos para os gatos são mais em conta do que as coisas para cães”.
Já a design gráfica Ariane Socek, apesar de ter contato com felinos, preferiu adotar um cachorro. “Tenho amigas que são tutoras de gatos, mas prefiro os cães. Noto que eles são mais companheiros e eu gosto disso, de levar para passear e de estar por perto”.
Pense antes
A veterinária explica que as necessidades do felino são diferentes das de um cachorro. “Contudo, eles também precisam ser vacinados e cuidados. Outro ponto é a castração, pois a briga entre machos por causa das fêmeas e o cruzamento são as principais fontes de doenças entre eles”.
Ela acrescenta que apesar do “banho” feito pelo próprio animal, o gato também precisa de atenção na higiene. “É necessário escovar os felinos e dar banhos periódicos para evitar o acúmulo e bolas de pelo”.
Por fim, o ambiente também precisa estar preparado para receber os gatos. “Para quem mora em apartamento, é importante colocar telas nas janelas e varandas para prevenir acidentes. Deve-se evitar ainda que ele saia de casa, pois pode ter contato com algum animal doente na rua. Por fim, uma caixa de areia para as necessidades e água fresca – de preferência em fontes, pois felinos gostam de água corrente -, são fundamentais para seu bem-estar”.
Mas, seja gato ou cachorro, a veterinária alerta para uma adoção responsável e consciente. “É preciso refletir muito antes da adoção. Procure um veterinário para discutir sobre e peculiaridade de cada espécie, raça e tenha responsabilidade com o animal”, conclui.